Ex-reitor da UFRGS, Rui Oppermann recebe Medalha do Mérito Farroupilha

Claiton Stumpf

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Bancada Estadual

(Foto: Leandro Molina)

O professor titular e ex-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rui Oppermann, receberá nesta terça-feira (20), às 17h30, a Medalha do Mérito Farroupilha da Assembleia Legislativa. A medalha é a distinção máxima concedida pelo parlamento gaúcho a pessoas que contribuíram para o desenvolvimento econômico, social e cultural do estado. 

A condecoração será entregue ao ex-reitor por proposição do deputado estadual Edegar Pretto (PT), em reconhecimento ao trabalho realizado por Oppermann no meio acadêmico e na reitoria da UFRGS. A medalha será entregue em cerimônia presencial restrita devido à pandemia, com presença do deputado proponente, do homenageado e presidente da Assembleia. A solenidade poderá ser acompanhada ao vivo pela TV Assembleia. Convidados e convidadas ainda terão uma sala virtual para assistirem a entrega.

– Ao homenagear o professor Rui, também queremos simbolicamente defender a democracia e o respeito à autonomia das universidades públicas no Brasil neste momento – ressalta Pretto em alusão às nomeações de reitores feitas por Bolsonaro. Até o momento, 14 reitores bolsonaristas foram nomeados pelo presidente para assumirem esses cargos em universidades federais no país, mesmo que não tenham sido os primeiros colocados nas consultas internas das universidades.

No caso da UFRGS, Rui Oppermann receberá a Medalha do Mérito Farroupilha 34 dias após Bolsonaro ter nomeado o novo reitor. Oppermann obteve o primeiro lugar na consulta à comunidade acadêmica, e o escolhido pelo presidente ficou em último na lista. 

– Foi uma escolha condicionada por um viés político-partidário e ideológico, algo que nunca tinha acontecido – observa o ex-reitor. 

Oppermann diz que não cabe ao Conselho Universitário contestar decisões superiores, mas lembra que existe uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que está no Supremo Tribunal Federal (STF), motivada por partidos, sindicatos e Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que questionam esse critério de escolha de quem não for o primeiro da lista. 

– Em relação a UFRGS ainda é muito cedo para fazer uma avaliação sobre como as coisas vão ser, mas é evidente que o aumento do número de reitores aliados ou identificados com o governo atual é um risco muito grande para a autonomia das universidades. E com isso há evidentemente uma dificuldade na manutenção do que as instituições de ensino superior fazem em termos de ensino, pesquisa e extensão, que são o tripé da universidade –, alerta o ex-reitor.

A UFRGS tem hoje em torno de 35 mil alunos de graduação e 15 mil de pós-graduação. Foi eleita pelo Ministério da Educação (MEC) a melhor do país pelo 8º ano consecutivo, período em que o professor Rui Oppermann ocupou, respectivamente, os cargos de vice-reitor e reitor. Sua gestão na liderança da reitoria iniciou em 2016, junto com a vice Jane Tutikian.

O deputado Edegar Pretto lembra que a gestão de Oppermann foi marcada por ser uma das vozes na luta nacional contra os cortes orçamentários promovidos pelo governo federal nas universidades e institutos federais. A mobilização foi iniciada no Rio Grande do Sul, com a união de reitores e reitoras de universidades e institutos, que junto com deputados realizaram missão oficial em Brasília com apoio e participação da Assembleia Legislativa e bancada gaúcha para cobrar do governo federal o cancelamento dos cortes no orçamento da educação. Com apoio da Câmara e do Senado, e com a mobilização estudantil em todo o país, houve a suspensão dos cortes.  

Oppermann diz se sentir “honrado e emocionado” com a homenagem que receberá do parlamento na próxima terça. 

– Ao longo do meu período como reitor nós tivemos uma interação muito produtiva com a Assembleia Legislativa, que é a representação mais legítima da sociedade gaúcha. E ter essa interação, essa parceria e agora esse reconhecimento, mostra que nós estávamos sim no caminho certo de promover a universidade como fator decisivo para o desenvolvimento do Estado – destaca.


A trajetória de Rui Oppermann na UFRGS


Natural de Nova Prata, na Serra Gaúcha, Rui Oppermann tem 69 anos. Sua relação com a UFRGS iniciou em 1970, como estudante de odontologia. Depois, fez doutorado na Noruega e no final dos anos 80 voltou ao Brasil. Em 1983 prestou concurso para professor titular da faculdade de odontologia. Constituiu sua carreira de pesquisador na área de epidemiologia clínica e Sistema Único de Saúde.

Em 2007 Rui se tornou o vice-reitor da UFRGS, junto com o então reitor Carlos Alexandre Netto. A partir daí foram duas gestões sucessivas como vice. Em 2016 assumiu como reitor.

Com o encerramento dos seus trabalhos na reitoria, Rui Oppermann relata que já está em plena atividade como professor, e está voltando a ser pesquisador. 

Texto: Catiana de Medeiros – MTB 16569