Projetos de infraestrutura e logística com financiamento chinês dependem de iniciativa brasileira, diz gerente comercial da Citic Group

Projetos de infraestrutura e logística com financiamento chinês dependem de iniciativa brasileira, diz gerente comercial da Citic Group
Foto Mauro Mello

Deve partir do Brasil a elaboração e a demanda de projetos específicos para resolver gargalos de infraestrutura e logística do país. Estamos de portas abertas”, acenou positivamente o gerente comercial da CITIC Construções do Brasil Ltda, empresa subsidiária do conglomerado empresarial China Investment Trust Corporation Group – Citic Group. A manifestação ocorreu na manhã desta terça-feira (29/09), durante o  seminário “Brasil – China: Apresentação da CITIC Group”, realizado pela Frente Parlamentar Brasil – China, coordenada pelo deputado Jeferson Fernandes (PT) e pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, com representantes de prefeituras, associações empresariais, Prefeitos, secretários estaduais e municipais, agricultores, universidades, prefeituras e governo do Estado. A afirmação de Gaio responde à preocupação manifestada por participantes quanto a um dos principais entraves do nosso país no tocante ao comércio intermunicipal, interestadual e internacional: o custo de transportes e a falta ou más condições das estradas brasileiras.

Na abertura, Gaio compartilhou uma apresentação do Citic Group e de sua atuação em nível mundial, reforçando o caráter integrativo do conglomerado não só com todas as etapas dos empreendimentos físicos, desde o financiamento e o apoio à elaboração dos projetos, mas com a integração de valores industriais e a preocupação em fazer com que estes projetos tenham impacto positivo nas sociedades em que estão inseridos. Ele lembrou que os negócios da empresa relacionam-se ao que chama de economia financeira (bancos, valores imobiliários, seguros, gerenciamento de fundos, etc) e à economia real (imobiliária, engenharia, recursos naturais e energia, manufatura de máquinas, TI, turismo, etc). “A Citic trouxe para a China as práticas de gerenciamento ocidentais e aliou aos valores chineses. O Grupo tornou-se uma janela para abertura da China e de todo o seu potencial técnico para o mundo”, ressaltou.

Promover “cooperações de forma aberta, justa e organizada”, desenvolvimento sustentável, inovações tecnológicas; injetar vitalidade nas economias locais, com “força, energia e amor”, são preocupações destacadas na apresentação do Grupo. O gerente comercial cita o exemplo de 3 plantas de cimento e concreto, obras grandiosas executadas pela Citic na Bielorrússia, que teriam acabado com a dependência histórica daquele país de produtos vindos do mercado externo. “A Citic foi um dos pilares de transformação da China no que é hoje. Apesar de estatal, ela se submete às regras de mercado, com o papel de investidores no cenário internacional”, detalhou.

CITIC  Construções 

Já a Citic Construções do Brasil LTDA é provedora integrada de serviços de construção de engenharia na África, América Latina e Ásia Central, tendo como principais projetos o Estádio Nacional da China (Ninho dos pássaros), a via expressa Leste/Oeste da Argélia; e um projeto habitacional em Angola. No RS, é responsável pela Usina Termelétrica de Candiota Fase C, iniciada em 2006 e concluída em 2010. “Desde o estudo de viabilidade da obra, o financiamento até o desenvolvimento de indústrias por contratos, como subsidiária, recebemos demandas de infraestrutura, engenharia civil e indústria. Também temos interesse em proteína animal, grãos, soja e trigo”, enumerou, lembrando que a Citic Construções ocupa o 54º lugar no ranking mundial de empreiteiras.

Direto da China, falando em inglês, com tradução de Dória, o diretor comercial da Citic Construção, Du Young destacou que o Brasil é um dos mais importantes mercados para a empresa, apesar dos impactos da pandemia sobre a economia. “A expansão industrial, apontada em estudos, mostra o potencial que o Brasil tem. Estamos há mais de 10 anos aqui, temos expertise. Podemos ter um papel chave no desenvolvimento do país”, apostou.

Prefeito de Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer lembrou que o RS tem um cenário de oportunidades para investimentos em infraestrutura e de estruturas que possibilitem maior mobilidade. “Há projetos que merecem ser retomados, como a rodovia Sul/Norte- Rio Grande ao Paraná; a ligação entre Rio Grande e São José do Norte, etc”, acrescentou.

Pelo Instituto Confúcio, ligado à Ufrgs, o professor Antônio Padula também destacou a ineficiência da infraestrutura logística, deficiência nas questões portuárias do Brasil, nas ferrovias; no transporte de passageiros. como entrave a novas transações comerciais.

Gaio Dória concordou com a dificuldade que os gargalos da falta de infraestrutura e de logística impõem aos negócios do país. Ele entende o problema como incomensurável, mas destaca o respeito aos países na tomada de decisões. “Nós gostaríamos de fazer tudo, mas respeitamos as nossas contrapartes. Na África, por exemplo, fizemos uma revolução radical no panorama local com programas habitacionais. Porém, isso deve partir dos países. O importante é que vocês nos conheçam e tenham a noção do nosso potencial e do que podemos fazer”, frisou.

Expectativas

Logo na fala de abertura, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rodrigo Lorenzoni (DEM) manifestou o desejo de que haja maior aproximação e aperfeiçoamento das relações entre o RS e a China a partir da realização do seminário. “A China hoje é o principal parceiro comercial do RS. Nos apresentar, nos conhecer e ir azeitando a relação é a ideia para que tenhamos trocas positivas para ambos os lados, reafirmando o nosso compromisso com o desenvolvimento do estado do RS”, comentou.

Ernani Polo, presidente da Assembleia Legislativa do RS lembrou que a aproximação entre o Brasil e a China e o próprio Rio Grande do Sul é muito benéfica. “Nós já temos uma boa integração com a China, já temos bom potencial, mas isso pode ser ampliado. O RS tem característica marcante na produção agropecuária, na proteína animal. Em 2021, sem a febre aftosa, nossa condição sanitária deve se elevar e poderemos ampliar ainda mais”, salientou. Por outro lado, Polo lembrou que o estado ainda enfrenta carência na utilização de energias renováveis, problemas de infraestrutura, rodovias, ferrovias, portos, etc. “Esta parceria pode ajudar a alavancar estas questões. Esperamos poder avançar”, projetou.

O empresário Paulo Tigre também destacou a importância da aproximação entre o estado e a China. “Neste momento difícil que o RS vive, do ponto de vista da necessidade de investimento, esta união de várias esferas da sociedade, da economia, da política, é necessária e relevante para o desenvolvimento do estado”, opinou.

Por fim, o coordenador da Frente Parlamentar, deputado Jeferson saudou a realização do evento, a grande representatividade de participantes e a possibilidade de novos negócios para o RS a partir da iniciativa. “O que queremos é o desenvolvimento da economia real, da agricultura familiar, das indústrias, das empresas locais, para que não tenhamos uma economia dependente da oscilação das bolsas de valores. Com certeza, o Estado irá avançar em novos negócios a partir deste encontro”, finalizou.

Texto: Andréa Farias (MTE 10967)