Os deputados Valdeci Oliveira, Edegar Pretto e Pepe Vargas defenderam a urgência de realização de testagem em todos profissionais de saúde no RS, como forma de evitar um maior contágio do coronavírus. Os parlamentares questionaram, ainda, o fato de hospitais estarem cobrando para testar seus próprios funcionários. Os questionamentos foram apresentados na reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, realizada nesta quarta-feira, 22, pela manhã.
Os dados apresentados pela bancada petista foram recebidos em reunião realizada com o presidente da CUT/RS, Amarildo Cenci, o presidente da Federação dos Trabalhadores em Saúde no RS, Milton Kempfer e a presidente do Sindicato dos Enfermeiros e Enfermeiras do RS, Claudia Franco, no final da tarde de terça-feira. Os dirigentes sindicais informaram que, devido à falta de testagem, profissionais contaminados seguem trabalhando.
O deputado Valdeci Oliveira avaliou que o número crescente de contaminação por coronavírus no RS é, em parte, reflexo do efeito sanfona do abre e fecha que estamos vivendo no estado. “Se cria uma expectativa na comunidade, fecha tudo, duas semanas depois abre tudo de novo, sem que se tome medidas suficientes para barrar o aumento do contágio”, diz. Para ele, uma questão grave é a baixa testagem. “É inaceitável que os profissionais de saúde, que estão na linha de frente, não sejam testados. Deveria ser garantida a testagem de todos esses profissionais. E lamentavelmente tem hospital cobrando R$ 230,00 do seu funcionário para fazer o teste”, denunciou.
Já o deputado Edegar Pretto lembrou de todos os movimentos feitos pela bancada buscando somar esforços ao governo do Estado e às prefeituras nestes mais de cem dias. “O governo começou bem, mas errou quando repassou aos municípios a responsabilidade de decidir pelo funcionamento dos serviços não essenciais, pois quem tem a expertise, o conhecimento técnico para avaliar as condições de risco é o governo estadual e não as prefeituras, principalmente nos pequenos municípios”. Edegar também critica o recuo do governo, a partir de proposta das federações empresariais, de querer repassar a decisão sobre as bandeiras para as associações de prefeitos nas regiões. “Até então, o governador tinha puxado a responsabilidade para si, com lives semanais e entrevistas na imprensa para anunciar as bandeiras. Agora, no momento agudo da Covid-19, à beira do colapso do sistema de saúde, quer repassar a responsabilidade aos prefeitos. Isso é incompreensível”, comentou Edegar.
Por sua vez, o deputado Pepe Vargas afirmou que é preciso unidade e liderança para superarmos a crise e lamentou que, no país, não temos nem uma coisa nem outra, porque no governo federal quem está no comando não entende nada de saúde. “É inaceitável que o Ministério da Saúde emita recomendações, que não são assinadas por nenhum técnico na área da saúde, para utilização de medicamentos que, comprovadamente, são ineficazes e trazem mais riscos à saúde”, apontou. Ele lembrou que tem municípios gastando recursos para comprar estes medicamentos por falta de orientação, também, do governo do Estado. “Os recursos deveriam estar sendo aplicados em testagem em massa”, defendeu.
Para os deputados petistas, o governo desmoralizou o seu modelo de distanciamento social, com os sucessivos recuos de troca de bandeiras. “O que explica uma região estar na bandeira vermelha na sexta-feira e, passado o final de semana, voltar à bandeira laranja””, questionou Pepe Vargas. “O que justifica o governo não investir mais em testagem quando até maio gastou apenas 6% dos recursos recebidos para o combate à Covid-19?, indagou Valdeci Oliveira, lembrando que apenas em junho o governo Leite chegou à aplicação de metade dos recursos recebidos. “Não dá para acreditar que o governo estava fazendo caixa com esses recursos”, comentou Pepe Vargas. Também participou da reunião a presidenta do Sindiserv, Silvana Pirolli.
Texto: Eliane Silveira (MTE 7193)