sábado, 23 novembro
Foto Gabriel Paiva

Representantes de entidades da sociedade civil, movimentos sociais do campo e da cidade, centrais sindicais, movimentos estudantis e religiosos, e personalidades entregaram no final da manhã desta terça-feira (14), um pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, assinado por mil organizações populares. Em um ato realizado em frente ao Congresso Nacional, várias lideranças populares defenderam a saída de Bolsonaro do poder e entregaram a peça jurídica aos deputados Carlos Zarattini (PT-SP), líder da Minoria no Congresso e para Paulo Pimenta (PT-RS), e também às deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Natália Bonavides (PT-RN). Após o encontro os parlamentares se dirigiram à Mesa Diretora da Câmara para protocolar o pedido de impeachment que será encaminhado ao presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Esse pedido aponta uma série de crimes de responsabilidade cometidos por Jair Bolsonaro desde que tomou posse, há um ano e 6 meses. Entre eles, são relembrados ataques ao livre exercício da imprensa, a direitos políticos e sociais do povo brasileiro, contra a administração pública (improbidade administrativa), além de crimes caracterizados por ataques a outros poderes da República e até contra a segurança interna do País, como no caso da irresponsabilidade no combate à crise sanitária causada pela pandemia da Covid-19.

Entre outras organizações, assinam o pedido a CUT, UNE, UBES, MST, APIB, Movimento Negro Unificado, Instituto Socioambiental (ISA), ABGLBT, Associação Brasileira de Juízes pela Democracia (ABJD), Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) e Marcha Mundial das Mulheres.

Usando máscaras e respeitando as regras de distanciamento social, dezenas de militantes e lideranças de entidades e movimentos sociais participaram do ato de entrega do pedido. Em todos os discursos foi destacada a necessidade do afastamento do presidente Jair Bolsonaro para o bem do País. Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, – uma das signatárias do pedido – o impeachment de Bolsonaro é uma necessidade urgente para a salvação do País e do povo brasileiro.

“É preciso afastar não apenas Bolsonaro, responsável pela tragédia que já matou mais de 73 mil brasileiros nessa pandemia, mas também o Paulo Guedes (ministro da Economia). A atual crise que está se desenhando no País deixa milhões de trabalhadores e trabalhadoras desempregados, e leva à falência principalmente as micro e pequenas empresas. Enquanto isso o Paulo Guedes quer entregar o patrimônio público, essa é a receita deles para combater a atual crise”, criticou.

Vírus e verme

Representando a coordenação nacional do MST Alexandre Conceição lembrou que, além da política genocida do governo Bolsonaro durante a atual pandemia, o País também sofre com a incompetência na condução de políticas voltadas à população.

“Esse também é um governo genocida porque destrói o meio ambiente, a soberania popular a alimentar, destrói a reforma agrária, ataca os povos indígenas, quilombolas, e não se comove com a morte de mais de 70 mil brasileiros pela Covid-19. Por isso a entrega desse pedido de impeachment é mais um passo para ocuparmos as ruas e vencermos o vírus e o verme que tentam destruir a democracia e a vida do povo brasileiro”, atacou.

Representantes de movimentos estudantis, de mulheres e religiosos também demonstraram total apoio ao pedido de impeachment. O presidente da UNE, Yago Montalvão, disse que o afastamento do atual presidente é necessário porque “em um ano e meio de governo Bolsonaro tentou várias vezes destruir a democracia, e ataca principalmente a educação pública do País, como a autonomia das universidades, e ainda se ausenta da participação da aprovação do Novo Fundeb”.

Pela Marcha Mundial das Mulheres, Vilmara do Carmo defendeu o impeachment por conta dos crimes já cometidos e ainda disse que tanto Bolsonaro, como o governo como um todo, é “machista, misógino” e que, pela falta de políticas públicas, ajuda a “promover a violência contra as mulheres”.

Na mesma linha, a representante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), pastora luterana Romi Bencke, disse que além “machista, racista e misógino”, o governo Bolsonaro também “atenta contra a democracia, estimula ataques aos povos tradicionais, e não respeita a diversidade religiosa”.

Após receberem o pedido de impeachment das mãos de lideranças populares, como Kretã Kaingang, da APIB (Articulação dos Povos Indígenas); Rute Venceremos da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT); e Rozana Barroso, presidenta da UBES, os deputados petistas se comprometeram a lutar pela aceitação do pedido, atribuição direta do presidente da Câmara.

Mobilização pelo Impeachment

O líder da Minoria no Congresso, deputado Carlos Zarattini, disse que vai lutar para que o presidente da Câmara abra o processo, mas lembrou sobre a responsabilidade das ruas para que isto ocorra. “Precisamos de mobilização nas ruas, de forma criativa. Temos que trazer o povo às ruas para lutar contra esse governo genocida e entreguista, antes que ele acabe com o povo brasileiro”, afirmou.
Já o deputado Paulo Pimenta alertou que não há outro caminho para fazer avançar o impeachment se não houver “luta e organização da resistência para derrotar o governo genocida e essa gangue de milicianos”. Por sua vez, a deputada Erika Kokay destacou que o atual presidente precisa ser afastado para que seja interrompido a atual “necropolítica”, a política da morte que já matou mais de 73 mil brasileiros e que faz com que o País “dance na beira do abismo”.

Ao finalizar os pronunciamentos, Nátalia Bonavides também se comprometeu a lutar pelo impeachment de Bolsonaro. “Vou dedicar minhas melhores energias para derrotar esse governo fascista. Fora Bolsonaro e todos os seus canalhas”, ressaltou.

Também discursaram durante o ato a representante do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Rosângela Piovizani; e do Movimento de torcidas organizadas ‘Somos Democracia’, Inácio Ângelo.

Fonte: PT na Câmara

Compartilhe