A situação da pandemia se aproxima de seu momento mais grave. Caminhamos rapidamente para uma situação de descontrole nos próximos dias, onde a capacidade hospitalar ficará esgotada pelo COVID19. Já atingimos 42% de leitos de UTI ocupados com pacientes com COVID ou suspeitos, começando a bloquear pacientes com outras patologias, desorganizando todo o sistema de saúde, com consequências crescentes e graves que se prolongarão no tempo.
A evolução dos números de disseminação do vírus no Estado, apesar da testagem insuficiente, mostra uma circulação agressiva com expansão contínua do número de casos – mais de 1200 por dia, aumento das hospitalizações e mortes.
Apesar dos sucessivos alertas aos governos federal, estadual e governos municipais que o PT e vários pesquisadores, entidades cientificas e conselhos fizeram ao povo gaúcho, foi promovido no Estado um retorno às atividades, com flexibilização do isolamento antes do tempo recomendado pela mesma OMS e corroborado pelos cientistas.
Ao utilizar de forma desproporcionada o dado de lotação das UTIs como critério de tranquilidade para monitorar os efeitos da flexibilização, foi criado um efeito de confiança que se sustentou enquanto os novos leitos de UTI iam sendo consumidos pelo crescente número de casos de COVID e as cirurgias eletivas iam sendo canceladas. Esta tranquilidade artificial também denunciada pelo PT como um experimento social sem observar o princípio da precaução, adiou uma avaliação séria do avanço da Epidemia e progressiva perda de controle da situação.
A flexibilização foi baseada na ideia de que haveria um distanciamento protetor e sobretudo que tínhamos leitos hospitalares e, em especial de UTI suficientes para uma eventual demanda gerada pela flexibilização adotada.
Infelizmente, esta não é a realidade.
Para podermos cruzar este período difícil sem perdas ainda maiores de vidas humanas e de maior destruição da economia da sociedade, é preciso garantir efetivamente o isolamento social, um “freio de arrumação do sistema’’ ou seja, uma parada não inferior a três semanas em que tentemos quebrar a curva ascendente de transmissão do vírus e consigamos desafogar nossos serviços hospitalares que se encontram ao borde da catástrofe.
À Sociedade Gaúcha, ao Povo Gaúcho, pedimos que respeitem o isolamento social, que se engajem nas medidas eficazes para evitar o colapso do sistema, Para tanto precisamos uma adesão ao isolamento entre 60 e 70%.
Ao invés da negação da realidade e flexibilização indevida, é preciso ter responsabilidade e coragem para encarar a situação. É preciso garantir recursos para leitos, medicamentos e custeio do sistema de saúde, ao mesmo tempo que se garante a renda para os trabalhadores e pequenos e médios empresários crédito imediato, através de um fundo próprio.
O governo federal deve romper com sua política de transferência de dinheiro público para os muito ricos e multiplicar a abrangência de um sólido programa de garantia de renda básica para o povo brasileiro, como o programa Bolsa-Família, e não submetê-lo à ineficiente flexibilização. O governo estadual deve, igualmente, reconstruir a assistência de saúde e implantar imediatamente um programa de renda mínima emergencial, em especial para as famílias atingidas pelas catástrofes climáticas.
Para tanto, ao governo estadual exigimos que cumpra o seu dever e mobilize recursos extraordinários junto ao Tesouro, ao Banrisul e em demanda direta e dura ao Governo Federal para sustentar as necessidades em saúde mas também e com muita ênfase para as proteções econômicas e sociais que necessitamos como resposta às necessidades da população.
A fome, a desocupação e o desespero que atingem milhares de famílias gaúchas não serão resolvidas com mais mortes. Soluções que já não podem esperar, sob o risco de termos explosões sociais movidas pela mais profunda desesperança.
Exigimos que o Governo Estadual denuncie e desestimule o uso indiscriminado de medicamentos ditos milagrosos e que geram uma falsa sensação de segurança para quem os utiliza. Igualmente solicitamos a intervenção do Governo para a garantia do acesso por parte dos hospitais aos relaxantes neuromusculares que permitem a sedação dos pacientes em ventilação mecânica e que hoje estão em escassez e sobrefaturação no mercado nacional, caracterizando uma exploração oportunista da indústria farmacêutica e que precisa ser combatida.
Aos Governos Municipais os conclamamos a unir-se em suas articulações regionais para sustentar de forma coesa o isolamento social necessário, aprendendo com os municípios que melhor controlaram a Epidemia até agora e ao mesmo tempo em que planejam suas ações conjuntas, ressaltando que administrações municipais petistas tem sido exemplos no enfrentamento a pandemia, e exigir por sua vez dos governos estadual e federal os recursos que se necessitam para o momento e para os próximos nove meses.
Não podemos seguir mascarando a realidade, que sejam assumidas as responsabilidades públicas correspondentes e que os meios de comunicação tenham a coragem de contar a verdade.
Desejando a Todas e Todos saúde e pleno direito à vida, os saudamos.
Comissão Executiva Estadual do PT do Rio Grande do Sul