sábado, 23 novembro
Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. rrEm discurso, à tribuna, senador Paulo Paim (PT-RS).rrFoto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Ao repudiar a morte de George Floyd durante ação policial nos Estados Unidos na semana passada, o senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou nesta quarta-feira (3) que o racismo no Brasil é “tão pior quanto o que existe lá [nos EUA], porque aqui é velado, ninguém fala”. Ele também acusou o Estado brasileiro de se omitir em relação aos direitos da população negra e dos cidadãos mais vulneráveis.

George Floyd, ex-segurança negro, foi asfixiado por um policial branco na cidade de Mineápolis. O caso gerou protestos nos Estados Unidos e em outros países.

Paim pediu que o mundo olhe para o Brasil porque “há grilhões a serem rompidos” e “feridas expostas que ainda não cicatrizaram”.

— A senzala de ontem é o silêncio de hoje, de uma sociedade que não aceita as diferenças e as diversidades. A chibata de ontem se projeta na falta de saúde educação, segurança, emprego, renda. O país não suporta mais essa cultura de violência e racismo que nos acompanha desde o tempo da escravidão e seus capitães do mato.

Segundo Paim, cerca de 77% dos jovens assassinados no Brasil são negros. A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado. Dos 180 homicídios por dia, 75% das vítimas são negros.

— Não há como esquecer o assassinato recente do menino João Pedro, de 14 anos. Estão na memória outros assassinatos: Kauan Peixoto, 12 anos; Jenifer Gomes, 11 anos; Kauã Rozário, 11 anos; Ágatha Vitória Sales Félix, 8 anos; Kauê Ribeiro dos Santos, 11 anos; Ketellen Gomes, 5 anos — disse Paim, que também citou o espancamento de um homem negro por policiais esta semana no Distrito Federal.

Paulo Paim acrescentou que a violência no Brasil também atinge quilombolas, indígenas, pobres, mulheres, jovens, homossexuais, travestis e idosos. O senador afirmou que o Estado não pode se omitir e tem que agir para garantir direitos para essas parcelas da população.

— Queremos justiça, solidariedade, fraternidade. Queremos, estudar trabalhar, ser gente como todo mundo, como todos nós somos gente. Queremos ser felizes. Basta de violência racismo e impunidade. Queremos políticas humanitárias, respeito aos direitos humanos, uma educação que seja libertadora, que faça com que os jovens compreendam a condição humana e suas diferenças — pediu.

O senador lembrou citação de Martin Luther King, um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos: “Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos”.

Fonte: Agência Senado

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