Os efeitos sentidos pela estiagem, em especial sobre os agricultores familiares, também chegou para a cadeira leiteira. Para tratar dos impactos e reflexos sociais e econômicos no RS, o Grupo de Trabalho do Leite, da Assembleia Legislativa, coordenado pelo deputado estadual Zé Nunes (PT), realiza reunião virtual nesta quarta-feira (27). Participaram representações de quase 30 municípios, de todos os segmentos da cadeia leiteira no Estado, o coordenador-geral de Florestas Plantadas e Pecuária, da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), João Antônio Fagundes Salomão, deputados estaduais e federais, entidades, movimentos sociais e agricultores.
Diversos produtores de leite relataram suas perdas, as dificuldades de acesso aos recursos disponibilizados, e também os prejuízos com a estiagem ou com a Coronavírus. Também foi registrado que o valor do litro de leite reduziu para o produtor, mas que houve aumento do produto nas prateleiras para o consumidor final, o que tem sido um grande problema. “Nosso Estado precisa de uma política de setor que organize a cadeia. O Instituto Gaúcho do Leite (IGL) e o Fundoleite são instrumentos criados para essa função, mas o governador abriu mão”, lembrou.
Segundo Zé Nunes, será agendada reunião com ministra do MAPA, Tereza Cristina, para tratar das peculiaridades da agricultura familiar gaúcha, e outra com superintendentes dos bancos, para compreender as limitações de execução das linhas de crédito. O GT também buscará a revisão das medidas federais, considerando as consequências da estiagem para o RS, a compra de leite para ao intervir no mercado segurar os preços, o subsídio ao milho balcão para ajudar nesse período que os animais estão com pouco alimento, e liberação do crédito emergencial alterando o prazo do dia 9.
Entre os encaminhamentos a nível estadual, a cobrança, junto ao governador, de uma política estruturada para o leite, agilidade no Programa Forrageiras, anistia do Troca-Troca de Sementes, aquisição de leite para doações para público em vulnerabilidade social, criação do Comitê da estiagem, aos moldes do que existe para o combate ao Coronavírus, para que o setor possa contribuir para soluções emergenciais e estruturais, atenção à liberação do crédito com a prorrogação dos decretos de emergência, a busca de crédito ágil para a cadeia leiteira, junto ao Banrisul.
“Temos participado de várias reuniões para discutir as alternativas para ajudar o setor, mas as medidas federais estão muito aquém do que precisamos, e não há mecanismos adequados para o acesso às medidas”, finalizou.
Texto: Marcela Santos (MTE 11679)