Por um Brasil sem Bolsonaro

Por um Brasil sem Bolsonaro
Foto Joaquim Moura

No último domingo (19), o presidente da república participou de um ato, em Brasília, convocado por organizações pouquíssimo representativas, cujo objetivo era o de defender o retorno da ditadura militar, com a reedição do famigerado Ato Institucional número 5, com fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Uma insanidade que deveria manter todo o ser com algum grau de responsabilidade democrática afastado léguas de distância.
Por incrível que possa parecer, entretanto, o ato e suas faixas antidemocráticas e inconstitucionais, ao contrário de afastar, atraiu Bolsonaro. Não e um absurdo deduzir, inclusive, que muitos dos articuladores do ato (que se realizaram em outras cidades) sejam convivas próximos do presidente, já que repetem de uma forma mais direta e explícita aquilo que é reproduzido nas redes pelo que a deputada Joice Hasselmann (ex-líder do governo) chamou de Gabinete do Ódio, um grupo de pessoas coordenadas por Carlos Bolsonaro que atuam no Palácio do Planalto para manchar reputações de adversários e desafetos políticos e rosnar contra as instituições democráticas.
Não é a primeira vez que Bolsonaro fere a institucionalidade do cargo que ocupa. Já fez declarações e praticou atos, desde sua insana campanha eleitoral, que em qualquer país democrático, com instituições com liberdade de ação, teriam-no levado aos tribunais e à cassação. Há, entretanto, uma condescendência anormal das instituições com os crimes que comete. É como se fosse inimputável, louco, uma criança inconsequente, um ser desprovido de bom senso. Mas não, é o presidente da República.
De todos os atos tresloucados que praticou, entretanto, a presença na manifestação de domingo, com o discurso, que fez questão de levar às redes sociais em seus próprios perfis, de apoio e incentivo ao movimento sintetizado ali por faixas que pregavam uma ditadura e o fim das liberdades civis, é, sem dúvida, o mais grave, gravíssimo.
Mas o que aconteceu até agora? Declarações fortes de membros das instituições atacadas, reprimendas de líderes políticos de oposição e, segundo contam os jornais, críticas internas da chamada ala militar do governo, com a divulgação de uma nota do Ministério da Defesa reafirmando o compromisso das Forças Armadas com a democracia e a Constituição.
E o que fez Bolsonaro? Desdisse na segunda o que tinha dito no domingo, como se fosse possível para um governante ameaçar a democracia em um dia, através de uma ação, e reafirmá-la no outro, através de um diálogo com um apoiador extremado na porta da sua residência oficial. Diálogo que, aliás, tem muitas características de ter sido forjado exatamente para dar a oportunidade para que o presidente, tal como um trol de internet, pudesse voltar atrás do grave crime que havia cometido no dia anterior.
Bolsonaro já deu inúmeras provas de que não é um interlocutor confiável. Sua narrativa – e a de seus apoiadores militantes – é sempre uma visão distorcida e interessada da realidade, baseada em uma visão paranóica e sem qualquer empatia com a população. Seus assessores mais próximos, incluindo seus filhos, são pessoas que desprezam a democracia. E, por isso, concentram seus ataques nos políticos e na política, como se todos fossem iguais e como se fosse possível existir democracia sem partidos e sem pessoas que pratiquem o que se chama de política representativa.
A pandemia do novo coronavírus é só mais um complicador para a situação que vivemos no Brasil. Apenas um presidente insano mudaria o ministro de saúde no meio de uma crise como a que estamos vivendo, mas a inconfiabilidade de Bolsonaro já se mostrou centenas de vezes antes do início da pandemia.
Basta! Não é possível estabilizar o país com Bolsonaro na presidência. Muitos políticos, empresários, dirigentes sindicais, religiosos, líderes sociais e até mesmo membros do seu governo sabem disso. Não é uma questão ideológica ou mesmo partidária. É quase uma unanimidade entre os que enxergam com responsabilidade o futuro do país. Então, por que não encaramos logo e de frente o problema. Bolsonaro tem que sair. Não tem maioria social, não tem maioria parlamentar, não tem qualquer senso de comunidade e nenhum, repito, nenhum projeto para o Brasil.
Chegou a hora do impeachment. Fora Bolsonaro!!

Luiz Fernando Mainardi, deputado estadual e líder da Bancada do PT