O fim do governo Bolsonaro é uma questão de saúde pública

O fim do governo Bolsonaro é uma questão de saúde pública
Edegar Pretto (Foto: Maia Rubim/Sul21)

Recentemente, Fernando Haddad, Guilherme Boulos, Ciro Gomes, Manuela D´Ávila e Tarso Genro, junto com outras lideranças nacionais dos partidos democráticos, Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, lançaram um documento pedindo a renúncia do presidente Bolsonaro. Esse documento continua a repercutir no Brasil, e a ele se agregaram novos apoios de lideranças de outros partidos.

O documento propõe que Bolsonaro renuncie à presidência para que se abram novas condições, a partir de um novo pacto, para que o Governo Federal se torne protagonista positivo no enfrentamento à crise, e não seu causador.

Acompanho atentamente e com o sentido da responsabilidade pública que detenho como deputado estadual. O quadro é de preocupação. Os testes aplicados para identificação da contaminação por Coronavírus são insuficientes, e tornam o conhecimento sobre o desempenho da pandemia no país instável, e nos geram insegurança.

Esse quadro é agravado pelas políticas insuficientes e incertas do Governo Bolsonaro. As medidas do Executivo Federal não prepararam o país para a devida gravidade da pandemia. Na Assembleia Legislativa, estamos preocupados com a capacidade da rede de proteção e assistência pública em atender a população no pico da contaminação, que o próprio Ministério da Saúde afirma, ainda não chegou.

Também temos apresentado propostas ao Governo do Estado para enfrentar a crise. Mesmo que o governador Eduardo Leite não se alinhe à política desastrosa de Bolsonaro, e mantenha medidas restritivas para conter o avanço do vírus, ainda não assumiu seu papel de coordenador de ações emergenciais. Faltam estruturas e equipamentos aos profissionais da Saúde, e ajuda para que as famílias mais vulneráveis não passem fome no isolamento. O atendimento do Estado tem sido abaixo do que é necessário para enfrentar a situação, e na área da agricultura, não há ações contra a estiagem que castiga o estado e agrava a crise.

Em todo o mundo, os melhores resultados na contenção da pandemia se deram a partir do isolamento. A sociedade, os movimentos populares e organizações estão fazendo a sua parte. São inúmeras as iniciativas de esclarecimento, de solidariedade, de combate à fome, assim como também são várias as iniciativas que denunciam as políticas ineficazes e contra racionais dos governos estadual e federal.

Além do verdadeiro desserviço que presta contra a saúde pública ao incentivar o rompimento da estratégia de isolamento social, a política econômica de Bolsonaro é um desastre e aprofunda a crise. As perspectivas de grave recessão não têm sido suficientes para o presidente retificar sua política econômica. Ao contrário, retém recursos que garantam a sobrevivência dos mais pobres, não toma iniciativas de garantia de renda básica, não age para baixar efetivamente os custos dos juros e serviços bancários e, de fato, incentiva o desemprego.

O governo Bolsonaro é hoje responsável por ampliar os efeitos negativos e corrosivos da crise, tanto nos aspectos sanitários quanto nos aspectos econômicos. É preciso reorientar a política do Governo Federal, investindo prioritariamente no fortalecimento do Sistema Único de Saúde, na garantia de renda e sobrevivência da população, na defesa do emprego e na proteção aos agricultores e micro e pequenas empresas.

O presidente da República mostra que é incapaz de implementar estas políticas e ajudar o povo brasileiro. Por esta razão, me somo àqueles que têm reivindicado que Bolsonaro renuncie à presidência e subscrevo o documento de Haddad, Boulos, Ciro, Manuela e Tarso, em uma ampla frente democrática de defesa do país e da saúde de brasileiros e brasileiras.

Edegar Pretto, Deputado Estadual (PT) e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.