sexta-feira, 22 novembro
Foto Joaquim Moura

A prefeitura diz que 10% da população de Caxias poderá se infectar com o vírus da Covid-19 até agosto. Levaria 7.668 pessoas à internação hospitalar e 345 para leitos de UTI, sem considerar pacientes de outros municípios.

Há 11 casos em Caxias, quando escrevo este artigo. Só pacientes internados e profissionais de saúde com sintomas compatíveis de Covid-19 fazem testes. Como 80% dos infectados são assintomáticos ou não precisam de hospitalização, há grande subnotificação.

No outono e inverno os leitos hospitalares e de UTI têm taxas de ocupação operando no limite. Terão pressão adicional mensal de 1.533 leitos clínicos e 70 leitos de UTI para pacientes com Covid-19, só de Caxias.

Estas projeções são de um cenário sem medidas de isolamento social. Se relaxadas as restrições decretadas o número de casos crescerá geometricamente, com colapso do sistema de saúde. O que exigirá um isolamento ainda mais restritivo, levando ao colapso da economia, como na Itália.

Até o momento não houve reforço adequado do nosso Sistema de Saúde. Sem a efetividade do Plano de Contingência anunciado pela prefeitura relaxar as medidas de isolamento é uma irresponsabilidade que acarretará enorme custo de vidas humanas. Não haverá leitos de UTI e dispositivos de ventilação mecânica suficientes, não teremos os leitos de enfermaria necessários, profissionais de saúde serão contaminados e faltará pessoal para atender a população.

É fundamental manter as medidas de isolamento social até que o Sistema de Saúde esteja reforçado e a curva de transmissão de novos casos seja mitigada. Enquanto isso, a prefeitura e os agentes econômicos devem desenhar um Plano de Retomada Gradativa das Atividades Econômicas, definindo as práticas de proteção adequadas a cada ramo de atividade e o momento certo da sua retomada, conforme as medidas do Plano de Contingência vão sendo viabilizadas.

Para ficar em casa as pessoas precisam da garantia de emprego e renda. As medidas econômicas anunciadas pelo governo Federal são insuficientes. Estados e Municípios não detêm instrumentos macroeconômicos para fazer frente a esta crise. A exemplo de outros países, o governo Federal deve ser mais efetivo para salvar as pessoas e as empresas.

Pepe Vargas, Médico e Deputado Estadual.

 

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