Aniversário de Porto Alegre: de presente, a vida

Aniversário de Porto Alegre: de presente, a vida
Foto Elizabeth Thiel

Como está de aniversário, vamos imaginar o que Porto Alegre gostaria de ganhar de presente?   Muitos pediriam os que a pandemia transformou em importantes e de necessidade imediata: suporte às famílias mais pobres para sobreviverem em tempos de isolamento; as trabalhadoras e os trabalhadores da saúde com proteção e retaguarda; a população de rua – 4.400! – com acesso à higienização, atendimento em saúde e alimentação, para dizer do mínimo; os galpões de reciclagem que dão renda a quase  400 famílias, com respaldo da prefeitura tanto nos insumos para funcionar quanto na venda do produto, o que não está acontecendo; os e as artistas, os grupos e espaços culturais recebendo incentivos para sobreviverem nesse período sem público;  as e os pequenos empresários com suporte para não demitir ninguém, com encargos postergados ou perdoados  e tantas necessidades mais…

Olhem só, talvez não fossem esses os presentes, não fora o Covid-19 que já vitimou uma pessoa na capital do gaúchos e das gaúchas. A cidade de 248 anos ama seus velhinhos e velhinhas e não brinca quando se trata da vida, então mudou com certeza seus desejos nesse momento, mas não esquece da sua utopia da cidade sonhada coletivamente, das prioridades decididas a público, da paisagem arquitetada em conferências!

Eu aposto que logo estaremos de novo abraçando o Mercado Público que queremos público e popular, assim também o Capitólio e o Atelier Livre – Livre! Que lutaremos pela valorização dos trabalhadores e trabalhadoras públicos que há quatro anos não tem reajuste salarial. Que brigaremos contra a substituição das professoras por contratualizações para o contraturno escolar, contra o desmonte da educação integral.

Às trabalhadoras e trabalhadores da saúde demitidas do IMESF – Instituto Municipal da Estratégia da Saúde da Família – seguiremos solidários para que sejam chamados ao trabalho, pois quem está penalizado com isso são os e as usuárias do SUS com postos mais distantes, menos fichas para consultas, menos prevenção.

 Logo voltaremos à defesa do DMAE, que assumiu o DEP – os esgotos pluviais –  e não tem pessoal, e o prefeito quer entregar à especulação privada! Ops, esse virou ainda mais essencial porque precisamos o tempo todo lavar as mãos, o rosto, a casa e as roupas para não adoecermos! Isso: queremos de presente água, ela e seus operadores e operadoras bem tratados! Queremos nosso Guaíba limpo e nossa linda cidade não poluída por uma mina de carvão que querem liberar logo ali!

Agora de presente para Porto Alegre vamos salvar a vida! E as lições que já estão aí sobre a importância vital do Estado público, talvez tornem mais fáceis todas essas lutas que esbarravam na crença do Deus Mercado.

Sofia Cavedon,

Deputada Estadual do PT, presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da ALRS.