sábado, 09 novembro
Foto Joaquim Moura

Iniciando os trabalhos de 2020, a Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, presidida pela deputada Sofia Cavedon (PT), discutiu na reunião ordinária desta terça-feira (4), a política de fechamento de turno nas escolas estaduais do Rio Grande do Sul. Diretores e professores das instituições de ensino criticaram a falta de diálogo por parte da Secretaria Estadual de Educação na comunicação dos fechamentos e o projeto de governo para a educação no Estado.

Conforme a deputada Sofia a Comissão quer debater o conceito para o fechamento de turnos com a Seduc e com o Conselho Estadual de Educação, tendo em vista que envolve várias dimensões. “É possível uma escola funcionar somente em um turno? Não dar a possibilidade do contraturno para que o aluno esteja na escola pesquisando, tendo um atendimento especializado, mesmo que esse estabelecimento seja menor?”, questiona Sofia destacando que a escola é referência territorial e essa é uma dimensão muito maior que hora-aula e sala X turma. “Aqui os relatos foram claros: tem que fechar salas de recursos, de multiuso, para colocar todas as turmas num turno só. Uma redução absurda. Isso é o empobrecimento da escola e é inaceitável”, afirma a parlamentar.

Ao longo dos relatos, um ponto comum surgiu entre as constatações: a maioria das escolas estão localizadas em ambientes de vulnerabilidade social. A professora Elisa Weber, da Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Mário Quintana, de São Leopoldo, relata sua experiência. “Em 2016, a escola estava caindo sob nossa cabeça até que, em 2018, finalmente fomos contemplados com uma obra estrutural. No entanto, nossos alunos continuam vindo de uma situação vulnerável. O fechamento de turno seria trágico para essas crianças, que perderiam uma das poucas coisas que ainda norteia suas vidas”.

Adroaldo Machado, diretor da EEEF Ayrton Senna, de Porto Alegre, afirma que sofre constantemente a ameaça de fechamento da instituição. “Em nossa escola, só recebemos alunos em situação de vulnerabilidade quase extrema. Privar os jovens de passar mais tempo na escola é retirar deles a referência de lar, de carinho e cuidado que, para eles, só existe no ambiente escolar”. Para Adriano Pires, da EEEF Dr. João Hillebrand, também de São Leopoldo, a política reflete a falta de planejamento para a educação no RS. “É necessário que haja um debate sobre o que é a educação pública no Rio Grande do Sul. Se não houver planejamento, a situação só irá piorar”.

O representante do Núcleo 14º do CPERS, Luiz Henrique Becker, reforça a posição crítica do sindicato quanto à política de fechamento. “O que parece é que o governo estadual só calcula a possível economia que estes cortes gerariam, sem olhar para as pessoas e as histórias por trás dos números. O fato é que, caso concretizado, essa política de fechamento aumentará com a evasão escolar no Estado”.

Como encaminhamento da discussão, a presidente da Comissão, deputada Sofia Cavedon, informou que está marcado para a segunda-feira (10) uma reunião com o Ministério Público sobre o tema do fechamento nas escolas de Canoas e Porto Alegre. A parlamentar ainda propôs a realização de uma audiência pública em São Leopoldo para facilitar o comparecimento das escolas da Região Metropolitana. A deputada Luciana Genro (PSOL) e os deputados Issur Koch (PP) e Vilmar Lourenço (PSL) se somaram ao magistério nas suas reivindicações.

Ainda se manifestaram ao longo da reunião a professora Cleusa Weller, da EEEF Bartolomeu de Gusmão (Canoas), a diretora da EEEF Dr. Mario Sperb (São Leopoldo), Lisandra Jacobin, a diretora da EEEF Pedro Schuller (Portão), Jurandara Coletti, e demais integrantes do CPERS.

Fonte: Marta Resing (MTE 3199), com informações da Agência de Notícias ALRS

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