A crise do transporte público de Porto Alegre é grave e não é de agora

A crise do transporte público de Porto Alegre é grave e não é de agora
Arquivo Pessoal

Por Manuela d’Ávila

A crise do transporte público de Porto Alegre é grave e não é de agora. Durante três anos de governo, Marchezan só fez ela se agravar. Mas é importante destacar que, mesmo no afogadilho do último ano de mandato, o que o governo propõe são debates bastante pertinentes para o tema.

O primeiro e mais importante deles é a ideia de que o centro da reflexão sobre transporte deve ser o sistema de transporte público e a busca do barateamento da tarifa. Além disso, o pacote também apresenta a ideia que pode ser aprofundada, relacionada ao passe único para celetistas. Essa ideia, similar ao passe diário existente para todos os usuários, inclusive com meio passe para estudantes, em grandes cidades europeias, ao trazermos como uma das soluções para a nossa realidade pode ter impacto decisivo na escolha cotidiana pelo ônibus em detrimento ao transporte de aplicativo ou do carro privado.

Outra é a taxação de veículos para ingressar em regiões centrais que já é uma alternativa construída e debatida no mundo todo. Entretanto, somos sabedores que a desigualdade se amplia em regiões não centrais e essa medida deve ser debatida após o efetivo barateamento da tarifa sob risco de punirmos aos mais pobres. Temos que lembrar que a região metropolitana de Porto Alegre é uma grande conurbação urbana e o sistema de transporte é interdependente, portanto, não o pensar integrado pode ser um grande tiro no pé.

É preciso discutir a ideia de taxação dos aplicativos, levando em consideração que o serviço tornou-se alternativa ao desemprego e hoje, na capital conta com mais de 20 mil motoristas. Estes trabalhadores não podem ter sua condição ainda mais precarizada.

Portanto, devemos sim ir ao debate do transporte público o pensando enquanto sistema, fazendo uso das novas tecnologias não somente para baratear, mas também em pensar multimodais mais ecológicos com bicicletas, carros e patinetes elétricos, e também o aproveitamento do espaço público por pedestres. Este debate precisa ser feito em mais de dois dias e com amplo diálogo, a fim de que encontremos caminhos para o futuro da cidade.