sábado, 23 novembro
Foto Joaquim Moura
A célebre frase “aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei”, de autoria controversa, aqui é adaptada por mim para nos ajudar a entender a realidade da educação no Rio Grande do Sul, que vivenciou 57 dias de paralisação da categoria, encerrada no dia 14 de janeiro.
A suspensão da greve se deu mesmo sem o fim do impasse do corte do ponto e das alterações no plano de carreira. A suspensão da greve se deu pelo compromisso da categoria com a educação. Compromisso esse que não vemos por parte do governador, que trata o setor de forma desigual, atuando quase como um adversário.
Para quem duvida, vejamos os fatos: para os professores, assistimos o quadro da degradação de suas condições, ouvimos “os arautos da impossibilidade” dizer que não serve mais seu plano de carreira, que não há como fazer concurso, como pagar em dia e nem pagar o piso. No entanto, aos amigos que apoiam as medidas amargas do governo Leite, sobram benesses: autorização para ganhos suplementares, a nomeação de cargos comissionados e milhões em patrocínio de propaganda.
Quem resiste a esta lógica, aos que não se submetem e lutam, o governo responde com o corte do ponto, o desconto do salário, a pressão de demissão de contratos temporários, a recuperação dos dias letivos sem receber, a impossibilidade do diálogo. Ora, diz o governo, é a lei.
Esta postura do governador lembra a dos tempos autoritários, onde a educação era para poucos, assim como a cidadania e os direitos. Não é esse o tempo constitucional brasileiro. Aqui, educação é direito, a organização sindical e a luta são legítimas, os gestores não são reis, são eleitos e exercem o poder em nome do povo, que é o verdadeiro soberano.
A ética do governo deveria preservar a vida dos profissionais, através dos quais ele oferta a educação e priorizar a garantia dessa aos estudantes e às estudantes. Não o faz. Aposta no tempo e desgaste da luta pela degradação financeira progressiva de seus profissionais. A categoria decidiu suspender a greve e retomar as aulas, mas junto com ela continuaremos trabalhando para que não haja o desconto dos dias parados. É imoral, antiético, não democrático e irresponsável com a educação, ainda que o considerem legal.
Espero que nem a lei, nem a sociedade o respalde, governador, em sua sanha de submissão da brava educação pública estadual!
Sofia Cavedon
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