Na disputa de segundo turno entre José Ivo Sartori e Eduardo Leite o diferencial foi o conjunto de promessas do tucano. Em especial, a de não vender o Banrisul. Bastaram poucos meses para Leite negar a palavra: encaminhou a venda de ações do Banco, abaixo do preço de mercado, o que gerou a ira até de deputados da base aliada.
Sobre privatizações, durante a campanha, Eduardo Leite prometeu que antes faria o plebiscito, como previsto na Constituição. Mas mordeu a língua: revogou a Consulta Popular para vender CEEE, CRM e Sulgás, e sem um plano para os trabalhadores. Também na campanha, acusou Sartori de não “levantar a bunda da cadeira” para gerar desenvolvimento no RS. Contudo, até agora, não apresentou nenhum projeto para fortalecer as cadeias produtivas e gerar empregos. E nada faz quanto ao fechamento de centenas de empresas.
Leite se contradisse ainda quando passou a fazer o que criticava em Sartori: mendigar em Brasília autorização para aderir ao Regime de Recuperação Fiscal. Foi além: tornou-se apoiador de Bolsonaro e chama de “mito” medidas reais como cobrança da Lei Kandir, renegociação da dívida com a União, revisão das isenções fiscais, combate às sonegações e política de crescimento econômico.
Ao assumir o governo, reuniu-se com todos os partidos na Assembleia Legislativa para mostrar-se aberto ao diálogo. Até assinou documento do PT, com o compromisso de pagar em dia a folha e os recursos à saúde, condição imposta pelo Partido para votar a favor da prorrogação das alíquotas de ICMS majoradas por Sartori. Mais uma vez, descumpriu a palavra: segue atrasando salários e lançou um Pacote que acaba com a carreira dos servidores da educação, segurança, saúde, etc. Tão cruel que aposentados e pensionistas, com renda inferior a R$ 5.839,00, passarão a pagar até 14% de seus rendimentos à previdência.
Com a mesma covardia, Leite escolheu o magistério, uma das carreiras que ganha menos, para direcionar as medidas mais duras. Até 2023, professores com mais de 20 anos de sala de aula, por exemplo, perderão até 24% de seus salários. Não bastasse isso, por conta da greve deflagrada pela categoria, o governador cortou o ponto, mesmo sob compromisso de recuperarem as aulas.
Em reação, milhares de manifestantes foram às ruas e devem voltar no final de janeiro, quando o Pacote será votado em sessão extraordinária. Mas nada parece abalar o tucano, que finge normalidade. E debocha: no apagar luzes de 2019, concedeu mais isenções fiscais sem dizer a quem, como e por quê. Porém, a última pesquisa do Instituto Methodus, realizada em POA, é taxativa. Quase 70% da população já reprova o governo. Isso mostra que o povo gaúcho não perdoa a falta de palavra, que mentira e arrocho não são “novas façanhas” e que não servem de modelo.
Jeferson Fernandes – Deputado Estadual PT, Presidente da Comissão de Segurança e Serviços Públicos da AL RS