“O Brasil atingiu o primeiro lugar na desigualdade de renda, ou seja, nosso país ostenta o título de campeão nas desigualdades de renda e metade da população brasileira vive com apenas R$ 413 por mês o que significa dizer que metade dos brasileiros vive com o equivalente a duas passagens de ônibus de Porto Alegre por dia”. A informação faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, divulgada nesta quarta-feira (16). O levantamento foi utilizado pelo deputado Fernando Marroni (PT) durante comunicação de liderança, na sessão plenária da Assembleia Legislativa, para pedir aos deputados que ajudem a diminuir as desigualdades salariais na folha de pagamento do Estado.
De acordo com o estudo do IBGE, a diferença entre os rendimentos obtidos por 1% dos brasileiros mais ricos e pelos 50% mais pobres no ano passado é recorde na série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. Ainda segundo o levantamento, 80% dos brasileiros que tem renda fixa, 80% ganham até R$ 2.262 e acima de R$ 27 mil reais, apenas 1% da população brasileira, em um país em que o lucro líquido dos bancos chegou a R$ 109 bilhões, conforme balanço divulgado há uma semana. Somente o banqueiro José Safra, teria aumentado seu patrimônio em R$ 19 bilhões. “Esta é a perversidade da desigualdade da renda neste país. Não é possível que em um país em recessão e em baixo desenvolvimento, aqueles que detém o capital, justo eles tenham o maior lucro dos últimos 25 anos”, lamentou Marroni.
O deputado justificou ter levado a plenário a pesquisa da desigualdade de renda no país, porque o tema diz respeito a todos os gaúchos. “Estamos às vésperas de receber do governo do estado pacote que vai tratar do plano de carreira e dos direitos conquistados pelos servidores do Estado. Segundo o governo, não há outro caminho a não ser retirar direitos adquiridos dos servidores”.
Para Marroni, o governo cortará justamente dos trabalhadores que já ganham menos, em vez de diminuir a desigualdade na folha de pagamento do Estado onde enquanto professores ganham pouco mais que um ou dois salários mínimos, exista desembargador com salário de R$ 109 mil e diretor do Banrisul com salários de R$ 90 mil. “Onde é que são geradas as desigualdades senão no próprio setor público e onde devemos corrigir as desigualdades justamente no setor público?”, indagou, argumentando que os direitos adquiridos na reforma proposta pelo governador só valem para os maiores salários.
A proposta do deputado é para que a Assembleia, que vai analisar nas próximas semanas o pacote com mudança no plano de carreira dos servidores, corte os privilégios. “Um estado de bem estar social não deveria ter uma diferença de mais de 10 vezes entre o menor o maior salário, por isso penso que deveríamos caminhar para um processo de debate, pois não é possível que um servidor de carreira tenha adquirido direito de ganhar acima do teto. Isso é resultado de algum processo que não correspondeu à realidade no meio do caminho e precisa ser mudado”.
Texto: Claiton Stumpf (MTB 9747)