Sofia presta homenagem aos 40 anos da Greve Proibida, deflagrada pelos bancários gaúchos

Sofia presta homenagem aos 40 anos da Greve Proibida, deflagrada pelos bancários gaúchos
Foto Joaquim Moura
A deputada Sofia Cavedon (PT) ocupou o período do Grande Expediente da sessão plenária desta quinta-feira (5) para rememorar um dos episódios mais marcantes do sindicalismo gaúcho: a greve dos bancários de 1979. Conhecida como a Greve Proibida, a mobilização provocou a prisão de diversas lideranças e a intervenção por mais de dez meses no sindicato da categoria, que teve empossada uma junta escolhida pelo Ministério do Trabalho. “A greve proibida nos faz lembrar a importância da luta para a conquista de direitos e a relevância que a democracia tem na vida de todos. Os bancários foram heróis que enfrentaram uma ditadura. Homenageá-los significa reafirmar valores humanitários e republicanos”, declarou a petista.
Inspirada nas grandes mobilizações dos trabalhadores do ABC paulista, que consolidaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula como uma das principais lideranças sindicais do mundo e abriram caminho para a redemocratização do País, o movimento que eclodiu no Rio Grande do Sul foi comandado por nomes como o do ex-governador Olívio Dutra, Felipe Nogueira, Ana Santa Cruz e Namir Bueno. O ex-governador gaúcho, que presidia o SindBancários, foi preso no dia 6 de setembro, segundo dia de greve, com base na Lei de Segurança Nacioanal, permaneceu incomunicável e só foi solto quando o movimento chegou ao seu final em 19 de setembro. Sindicalistas de diversas cidades gaúchas também foram detidos na tentativa, segundo a parlamentar, de enfraquecer a mobilização.
A história greve dos bancários, conforme lembra Sofia, ocorreu num ambiente em que pipocavam pelo Brasil e pelo Rio Grande do Sul inúmeros movimentos reivindicatórios e protestos contra o regime militar. Quase ao mesmo tempo em que os bancários cruzavam os braços por aumento salarial, agricultores e integrantes das comunidades eclesiais de base ocupavam fazendas improdutivas em Ronda Alta, selando o nascimento do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST). Na capital, trabalhadores da construção civil paralisaram, pela primeira vez, as atividades. E em Canoas, ocorria a primeira grande ocupação urbana, onde hoje está instalado o bairro Matias Velho. “Mesmo com a diretoria presa e com toda a pressão do governo e dos patrões, a greve continuou até dia 19 de setembro, quando a assembleia geral da categoria decidiu pôr fim ao movimento”, salientou.
Sofia lembrou ainda que a paralisação contou com o apoio e a simpatia da sociedade. “No dia 9 de setembro, no auditório da Assembleia Legislativa, Caetano Veloso, Fernando Ribeiro, Nelson Coelho de Castro, Talo Pereira e Noel Guarany realizam um show em apoio aos grevistas, revelando que o movimento não estava isolado”, apontou.
A petista lembrou ainda que foi durante a greve dos bancários gaúchos que o ex-governador Tarso Genro, na época advogado do SindBancários, impetrou o primeiro habeas corpus desde 1964 para a libertação de dirigentes sindicais presos.
A greve teve como principais resultados o aumento real de 15% e a instituição da data-base da categoria em 1º de setembro.
Repetição histórica
Mesmo ressaltando que considera pouco crível que hoje o governo venha a intervir em sindicatos, Sofia alertou para a gravidade dos ataques que estas entidades vêm sofrendo desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “Hoje, muitos aspectos do cenário daquela época estão de volta. A Reforma Trabalhista, a Lei das Terceirizações e a Reforma Previdenciária configuram um ambiente de acelerada e profunda perda de direitos pelos trabalhadores. Além disso, o fim do imposto sindical é uma inequívoca demonstração do atual governo de que ele pretende acabar não só com os direitos, mas com os instrumentos de luta da classe trabalhadora”, analisou.
A petista encerrou seu pronunciamento afirmando que as declarações do presidente Jair Bolsonaro em relação ao pai da ex-presidente chilena Michelle Bachelet é “um forte sinal de alerta para que os brasileiros reafirmem a luta e o desejo pela democracia”.
Presenças e apartes
Acompanharam o Grande Expediente o ex-governador Olívio Dutra; o presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, Everton de Moraes Gimenis; a diretora da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do RS, Denise Falkenberg Corrêa; o diretor de Comunicação da CUT/RS, Ademir Wiederkehr; e a representante do senador Paulo Paim (PT/RS), Abigail Pereira.
A deputada Luciana Genro (PSOL) e os deputados Rodrigo Lorenzoni (DEM), Pepe Vargas (PT) e Elton Weber (PSB) se manifestaram por meio de apartes.

Fonte: Agência de Notícias ALRS