segunda-feira, 25 novembro
Crédito Joaquim Moura
A convite da  Rede Soberania e do Jornal Brasil de Fato, partidos de esquerda, movimentos sociais e organizações reuniram-se na noite desta segunda-feira (26)  no Teatro Dante Barone,  na ALERGS, em Porto Alegre. O debate sobre a construção de uma frente democrática de enfrentamento ao governo Bolsonaro contou com a participação da ex-deputada Manuela d’Avila (PCdoB), da presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o ex-governador Tarso Genro, o ex-prefeito Raul Pont, o presidente do PCdoB, Juliano Roso, o presidente do PT do RS, deputado Pepe Vargas, a dirigente sindical e militante do PSOL, Neiva Lazarotto, além de militantes dos movimentos sindicais, estudantis e populares.
Abrindo o ato, o ex-prefeito e ex-governador Tarso Genro. De acordo com ele, a responsabilidade do debate desta noite não se limita às fronteiras do país,  como é o caso da defesa da Amazônia,  como defesa primeira da vida. “As últimas pesquisas mostram que a ampla maioria do povo brasileiro está contra Bolsonaro e que a maioria dos líderes mundiais tem repulsa pelos atos do seu governo”, ressaltou Tarso. “Vamos iniciar nestas eleições uma aliança que dissolva as fronteiras democráticas dos nossos partidos em nome de um bem maior que é derrotar o fascismo”, defendeu.
Em nome do PCO, Paulo Silva, afirmou que estamos vivenciando crimes muito graves no Brasil. Segundo ele, a maneira de enfrentar o Bolsonarismo é o povo responder aos ataques que vem sofrendo. ” O único jeito de sair desta verdadeira ditadura é com o povo tomando às ruas. Precisamos convocar às ruas os milhões de desempregados”, concluiu.
O ex-prefeito Raul Pont lembrou que embora alguns partidos não estejam formalmente presentes na atividade, sua militância está presente nas lutas, como aconteceu na tarde de hoje, na defesa da universidade pública.  “O governo Bolsonaro mostra sua verdadeira face que é a destruição de direitos que a população levou décadas e séculos para conquistar”. ” Por isso estamos aqui hoje, para com a unidade da esquerda defender a democracia”, disse Pont.
A presidenta da UEE, Gerusa Penna destacou que não dá para aceitar o que o governo Bolsonaro está fazendo com a educação no Brasil. “Neste final de semana, reunimos cerca de 400 estudantes num processo de unificação da luta, que elegeu uma chapa de consenso e unidade de todas as forças do movimento. É esta unidade que queremos na Frente de Esquerda em defesa dos direitos do povo”, destacou Gerusa.
Representando a Agapan, o ambientalista Francisco Milanez, lembrou que a entidade tem 48 anos e neste período nunca enfrentou uma destruição ambiental tão grande como o ataque promovido pelo governo Bolsonaro. ” Nossa entidade não tem bandeira desde que tenha compromisso com a defesa do meio ambiente”, disse. “Temos dois brasis hoje: o da encenação de absurdos sob os holofotes e os vendilhões do nosso patrimônio atuando atrás dos panos”, afirmou. ” Neste momento temos que ser generosos e acolhedores para defender o Brasil”, concluiu Milanez.
Dirigente do PSOL, Neiva Lazarotto lembrou que seu grupo dentro do PSOL sempre esteve nas ruas nas lutas unificadas contra o golpe, em defesa da liberdade de Lula, na greve geral e nos atos em defesa da educação. Informou que a companheira Berna Menezes participa de um grupo de trabalho que discute nacionalmente a construção da frente. ” A unidade nossa na luta e as alianças não são contraditórias. A unidade é nosso dever. Entendemos que a unidade programática é fundamental. Esta é a tarefa número 1. Não podemos ter um minuto de sossego enquanto tivermos milhões de desempregados, enquanto nossas escolas perdem alunos porque não tem dinheiro para o transporte”, defendeu. ” Precisamos discutir, na esfera municipal, um projeto de país. Queremos um programa classista, ecossocialista, feminista e com respeito aos direitos humanos”, concluiu Neiva, conclamando: contra o Bolsonarismo,  contra o fascismo, em defesa dos direitos do nosso povo, Lula Livre e Marielle vive”.
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, iniciou sua fala citando a pesquisa da CNT que aponta que Bolsonaro já tem 53% de avaliação negativa. “Bolsonaro não ataca só o que construímos de políticas públicas nos governos Lula e Dilma, mas ataca direitos que foram construídos desde a redemocratização do país “, ressaltou. “Estamos aqui unidos para defender o Brasil,  a democracia, a soberania nacional”, disse. Gleisi lembrou que estamos enfrentando sucessivos golpes: o afastamento de Dilma, a prisão de Lula, a reforma trabalhista,  a campanha fraudada com fake news e caixa 2 de Bolsonaro,  com a reforma da Previdência. “Mas estamos enfrentando tudo sem baixar a cabeça pois sabemos que estamos do lado certo da história “, destacou. “Quando erguemos a bandeira Lula Livre é em defesa da democracia que o fazemos, pois não pode existir democracia com presos políticos. Quando queremos saber quem mandou matar Marielle é o Estado Democrático de Direito que defendemos, pois não podemos conviver com grupos de extermínio”, seguiu Gleisi. “Estamos aqui hoje para que a frente que estamos construindo nacionalmente reverbere nas cidades, pois não tem como discutir as cidades sem debater financiamento público”, defendeu Gleisi, saudando a iniciativa de Porto Alegre.
Encerrando o ato, a ex-deputada Manuela d’Avila iniciou saudando as presenças de Raul Carrion e Flavio Koutzii, sentados lado a lado na plateia. “Enquanto eles comemoram Ustra nós temos vocês e temos uma história”.
“Quero começar que estou muito feliz em estar aqui. Quero dizer que é muito bom olhar com tranquilidade nos olhos de pessoas que me conhecem desde menina, e poder dizer que tenho a consciencia tranquila. A tranquilidade de saber que este é mais um episódio de uma luta política que travamos neste país”, afirmou.
“Eu vi acontecer em Gramado, neste sábado,  o que aconteceu comigo há quatro anos. Naquela época era eu uma liderança política sendo agredida junto com a minha filha. Agora um ator foi agredido junto com a sua filha”, comentou.
Manuela afirmou que Bolsonaro é um desastre econômico para o país. “No final da década de 1980 nesta cidade nós mostramos que era possível uma outra forma de governo, quando construímos o Pisa no sonho de devolver o rio Guaíba à população. Nos anos 90 construímos as referências de creches comunitárias”, lembrou Manuela. “Será que o nosso desafio não é devolver a esperança para a cidade? De ousar novamente como ousamos na época com a descentralização da cultura, com o Funproarte, com as grandes obras viárias,  da descentralização das feiras da agricultura familiar, das hortas escolares? Me lembrei de muitas coisas que construímos: o plano diretor, a Procempa. Me lembrei de coisas incríveis que fizemos em um momento muito difícil do nosso estado e do nosso país. E lembrei de tudo isso psra dizer que podemos cantar a esperança em 2020. Se conseguimos isso nos anos 90 e no início dos anos 2000, quando ousamos dizer que um mundo inteiro é possível,  podemos fazer de novo se olharmos para muito além de nós mesmos. Precisamos conversar com as pessoas que não pensam da mesma maneira que a gente. O que nos faz caracterizar Bolsonaro como fascista é este discurso que transforma todos nós em uma massa uniforme que deve ser exterminada. Mas não existe uma massa uniforme do lado de lá.  Esta visão só serve a eles. O nosso povo não é assim. O nosso lugar não é o de levar pedrada com criança no colo, mas o da creche comunitária. As pessoas querem falar dos problemas reais.
Texto: Eliane Silveira
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