A edição dominical [11/8] do jornal paraguaio ABC traz como manchete de capa a denúncia de que o “Itamaraty mente e enche de armadilhas Ata sobre Itaipu” [aqui].
Em 4 páginas de reportagem, o jornal analisa o acordo secreto que o governo Bolsonaro tentou impor ao Paraguai para viabilizar um esquema milionário de corrupção para favorecer a LÉROS, empresa que tinha seus interesses representados pelo político do PSL Alexandre Giordano, suplente do líder do Bolsonaro no Senado, Major Olímpio.
“A Ata Bilateral assinada em segredo em 24 de maio passado contém armadilhas e mentiras dos negociadores”, afirma o jornal; concluindo que se o acordo fosse aplicado, “se traduziria em danos muito severos aos interesses do país, da ANDE e da própria Itaipu Binacional”.
A reportagem afirma que o “ponto 6”, exigido pela direção técnica da ANDE porque garantia a soberania paraguaia sobre sua energia excedente, foi excluído da Ata pelos negociadores “porque se contrapunha aos interesses da Eletrobrás, em primeiro lugar, e dos funcionários corruptos de ambas margens do [Rio] Paraná […]”.
Entrevistado na reportagem, o ex-senador liberal Miguel Abdón Saguier/PLRA avalia que a nota conjunta publicada pelos ministérios de Minas e Energia e de Relações Exteriores do Brasil no dia 9 passado [aqui] antecipa o que “serão no futuro as negociações sobre Itaipu, no sentido de que Brasil unilateralmente buscará nos impor tratados ou convênios sumamente gravosos e prejudiciais para nosso país”.
Para Saguier, essa postura caracteriza abuso de direito do Brasil, que impõe condições que “vão contra o objetivo do Tratado de Itaipu”, que é o aproveitamento compartilhado entre as duas nações do recurso hidroelétrico do Rio Paraná.
“Desta forma se incorre em abuso de direito, e o abuso de direito é a antítese da boa fé”, afirma o político liberal.
No artigo Carta da LÉROS mostra inverdades da explicação do governo sobre acordo secreto [aqui] se confirma que a nota oficial do governo Bolsonaro manipula a verdade para ocultar os propósitos espúrios por trás da imposição do acordo lesivo ao Paraguai.
O jornal ABC agora deixa claro que o Itamaraty, uma instituição até o passado recente reconhecida mundialmente pela seriedade e excelência do seu corpo diplomático, foi instrumentalizado para agenciar corrupção binacional do bolsonarismo, em prejuízo da relação amistosa e respeitosa com a nação vizinha.
A ponta visível do empreendimento corrupto é a empresa LÉROS, o político do PSL Alexandre Giordano e o próprio presidente Bolsonaro, que em 20 de junho mandou o Itamaraty convocar o embaixador do Paraguai para expressar “mal estar” com o fato do esquema de corrupção não estar andando na velocidade pretendida.
Fonte: Jeferson Miola
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