Frente em defesa do HPS recebe três relatórios denunciando o sucateamento da instituição

Frente em defesa do HPS recebe três relatórios denunciando o sucateamento da instituição
Crédito Marta Resing

Na primeira reunião de trabalho da Frente Parlamentar em defesa do HPS da Assembleia Legislativa, realizada nesta quinta-feira (11), foram entregues para a deputada Sofia Cavedon (PT), que preside o colegiado, três relatórios abrangendo as mais diversas denúncias de sucateamento do hospital que é referência no atendimento de urgências e emergências na capital e Estado.

Levar ao conhecimento da população e aos Ministérios Públicos de Contas e Federal, solicitar nova reunião com o Ministério Público Estadual e uma Audiência Pública junto à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, assim como unir esforços com a Frente Municipal foram os encaminhamentos dados pela deputada Sofia que debateu a situação lamentável que se encontra o HPS, que há 75 anos salva vidas.

A reunião contou com a presença de Alessandra Felicetti Pires, diretora Metropolitana do Sindicato dos Médicos do RS (Simers); de Estêvão Finger, presidente do Sindicato dos Enfermeiros no Estado do RS (SERGS); de Paulo Ricardo Silva Oliveira, presidente da Associação dos Servidores do HPS (ASHPS); de Rosa Helena Mendes, do Conselho Municipal de Saúde; diretores da ASHPS.

Manifestações

Alessandra Felicetti, do Simers, apresentou o relatório, entregue a diversos órgãos públicos e conselhos de Saúde, que foi atualizado recentemente e aponta, detalhadamente, o descaso da Administração Municipal com o HPS mostrando a precarização andar por andar e constatando as diversas irregularidades para o adequado atendimento dos pacientes. Conforme Alessandra nas áreas de cirurgia e de trauma, faltam médicos. Nas outras, os médicos disponíveis não conseguem prestar todos os atendimentos porque há carência de técnicos de enfermagem e enfermeiros, sem contar equipamentos básicos de avaliação. “E isso é apenas uma amostra dos problemas identificados em uma vistoria que o Simers realizou no HPS. São pontos cruciais que podem custar vidas”, enfatizou a diretora.

Estêvão Finger, do SERGS, disse que de 2017 para cá “só piorou a situação”. O relatório do Sindicato mostra o quadro de dois anos atrás que, destacou o presidente, “se aprofundou mais ainda com a terceirização de vários setores do Hospital” e criticou o serviço desqualificado das empresas contratadas, citando os exemplos de corrupção ocorridos em Canoas, Rio Pardo, Guaíba, Caxias do Sul e Viamão. Finger disse estar muito preocupado com o atendimento e o risco que a população corre com a irresponsabilidade de um governo que só pensa em privatizar.

Paulo Ricardo Silva Oliveira, da ASHPS entregou um relatório mostrando dados sobre a importância do HPS para o Estado. “20% dos pacientes em estado grave são oriundos do interior”, disse. Para ele a precarização vem desde os governos anteriores “acentuando-se na gestão do prefeito Marchezan que ataca os direitos dos servidores que há mais de 75 anos prestam os melhores serviços em saúde para os seus pacientes. “Já terceirizaram a portaria, a nutrição, a limpeza. Agora querem terceirizar o coração do hospital”, afirmou destacando a importância da Frente Parlamentar em defesa do HPS.

Jonas Reis, do Simpa, falou da retirada do direito da população à saúde pública. “Isso é muito grave”. Na sua opinião a atual administração municipal está preparando um “presente de grego para às próximas gestões e não é por falta de recursos financeiros, pois com o aumento do IPTU os cofres da Prefeitura não estão vazios” afirmou no diretor. Jonas também salientou a “opressão ao trabalhador do HPS, que vem atuando com equipes reduzidas, corte nos salários, nas horas extras, nos seus direitos básicos”.

Representantes do Conselho Gestor do HPS denunciaram a “negligência criminosa” da atual gestão e o desvio de recursos da Fundação do HPS, provenientes do programa Troco Amigo que serviriam para a manutenção básica do Hospital, para pagar um estudo de viabilidade de terceirização do HPS para a Planisa Planejamento e Organização de Instituições de Saúde. Conforme declararam eles já solicitaram o contrato para a presidência da instituição que alega haver uma cláusula de confiabilidade no documento impedindo a sua divulgação.

Rosa Helena Mendes do CMS, relatou os problemas das empresas contratadas que seguidamente não pagam seus trabalhadores gerando mais adversidades para trabalhadores e pacientes da instituição. Rosa citou ainda o perigo de contaminação que todos – pacientes, trabalhadores e visitantes –  correm, pois de quatro elevadores somente dois funcionam, às vezes somente um. “Entra alimentos, entra lixo, entra visita, entra pacientes. Tudo se cruzando no mesmo espaço”, disse a conselheira.
Texto: Marta Resing (MTE 3199)