domingo, 24 novembro
Crédito Mauro Mello

“A maior vergonha brasileira do último período é o que está acontecendo. Sérgio Moro não tem dignidade e não pode continuar como ministro. Ele pode fazer qualquer coisa, menos justiça”. A afirmação foi feita pelo deputado Zé Nunes (PT), durante declaração de líder, na sessão plenária desta quarta-feira (19), na qual abordou as novas denúncias feitas pelo portal The Intercept Brasil sobre os diálogos do ex-juiz Sérgio Moro com os procuradores que atuavam na Lava Jato.

Nunes observou que a retórica do atual ministro da Justiça e dos senadores que o entrevistaram nesta quarta-feira, e que o apoiam, é de sempre levar o debate para a forma como as informações foram obtidas, alegando “raqueamento” do celular de Moro. Para o deputado isso é uma demonstração de desrespeito que ainda terá muitos contornos. “Não há dúvidas de que essa é uma forma política desrespeitosa para com a legislação nacional, a democracia, o estado de direito que defendemos, as atribuições mais elementares de um juiz e para com as obrigações mais elementares de um procurador”.

A banalização do papel que Moro exerceu na condição de magistrado, julgando, condenando e absolvendo e neste caso atuando “explicitamente de forma política e partidária”, à revelia de qualquer prova e de qualquer preceito constitucional ou legal também foi destacada pelo parlamentar. “Não vou fazer nenhuma discussão sobre o mérito do conteúdo da discussão sobre Instituto Fernando Henrique Cardoso, mas o que o juiz fez na época é crime”, frisou.

O deputado chamou a atenção ainda para a ironia contida neste episódio, pois o Brasil que passou a ouvir o ministro como o paladino do combate à corrupção, agora compreende que cometeu crimes no exercício da função. “Temos que deixar claro que a este país não pode aceitar o que aconteceu, pois não se trata de combate à corrupção. Estamos tratando de um juiz que deveria ter exercido o seu papel enquanto juiz, mas que transformou seu trabalho no trabalho de um agente político e partidário e investigou aquilo que quis, que considerou os fatos que quis de acordo com seus interesses, certamente para eleger Bolsonaro, para inviabilizar a candidatura de Lula e para se colocar como ministro da Justiça”.

Texto: Claiton Stumpf (MTB 9747)

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