Coutinho, nome de Leite, poderá ter vencimentos de R$100 mil por mês.
A Bancada do Partido dos Trabalhadores protocolou nesta terça-feira (7) documento manifestando posição contrária à indicação do presidente e de dois diretores do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul). Os executivos foram indicados pelo governador Eduardo Leite por meio do PDL 001/2019, cuja votação prevista para a sessão desta terça-feira foi adiada por falta de quórum.
O líder da bancada petista, deputado Luiz Fernando Mainardi, foi à tribuna para apresentar a posição. Segundo o parlamentar, dois indicados que são servidores de carreira do Banrisul e outro com vasta experiência pública e política têm aprovação da bancada, os demais não, incluindo aquele que pleiteia o cargo de presidente do banco. Conforme Mainardi, os indicados que não são aprovados pela bancada possuem trajetória profissional no mercado financeiro do RJ, com atuação em ações de privatização. Lembrou que durante a apreciação da matéria na Comissão de Finanças, a bancada solicitou a votação em separado dos indicados, mas isso não foi permitido. Por isso, afirmou que a bancada não teria como votar a matéria na forma em que foi apresentada.
Os indicados, Cláudio Coutinho Mendes, Osvaldo Lobo Pires e Raquel Carneiro têm uma trajetória profissional em comum no mercado financeiro do Rio de Janeiro. Lá, os três trabalharam juntos no Banco BBM, depois no Banco CR2 e por fim no BNDES durante o governo Temer, onde trabalharam também com o atual secretário da Fazenda do RS, Marco Aurélio Cardoso. Cláudio Coutinho Mendes, o indicado por Eduardo Leite para presidir o Banrisul era até março sócio da Tiba Assessoria Empresarial. No site oficial desta empresa, aparece como definição de atuação o seguinte: “Somos uma empresa focada em assessorar clientes privados no investimento e/ou aquisição de empresas e ativos no âmbito de operações de privatização, fusão, aquisição, formação de parcerias público-privadas (PPPs), joint ventures, dentre outras. (…) Nossos sócios, conjuntamente, têm experiência em operações de privatizações de conhecidas companhias”. Ou seja, na definição da empresa a sua especialidade são as privatizações.
De acordo com Mainardi, o presidente indicado escolheu trazer membros de sua equipe para o Banrisul e muito provavelmente influiu na decisão de aumentar a remuneração dos diretores. Segundo a imprensa gaúcha, o Banrisul pretende aumentar a remuneração dos administradores de R$ 15 milhões para R$ 20 milhões anuais, além de elevar os salários dos diretores para entre R$ 90 mil e R$ 100 mil. “Em um estado que atrasa os salários dos servidores, o Banrisul pagar um salário desses para seus executivos seria um deboche”, afirmou.
Para a bancada do PT, colocar profissionais privatistas na direção do banco vai contra os interesses da sociedade gaúcha e do próprio Banrisul, que são o financiamento dos investimentos na agricultura, indústria, infraestrutura, comércio e serviços, além de investimentos sociais nas áreas de educação, saúde, agricultura familiar entre outras. Isso é uma atividade de longo prazo que os bancos privados não fazem, porque têm como objetivo o retorno a curto prazo com lucros elevados.
O Banrisul é uma ferramenta importante para a economia do RS. Além disso o Banco também é uma fonte permanente de recursos para o Tesouro. Entre 2007 e 2018 o governo do Estado recebeu a título de dividendos do Banrisul R$ 2,6 bilhões (valores corrigidos pelo IGP-DI). O Banrisul permanece como banco público, ao contrário de outras instituições que foram privatizadas, liquidadas ou incorporadas e hoje, com 10.725 trabalhadores e trabalhadoras, é um dos maiores do país e o único grande banco fora do eixo Rio-São Paulo.
Texto: Claiton Stumpf (MTB 9747)