MST cobra do governo Leite comprometimento com a reforma agrária

Crédito Leandro Molina

Um grupo de dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Rio Grande do Sul foi recebido pelo governador Eduardo Leite (PSDB), no Palácio Piratini. A reunião, que fez Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, ocorreu na tarde desta terça-feira (16) e foi a primeira oficial do Movimento com o atual chefe do Executivo.

O MST apresentou demandas de assentamentos e acampamentos, que foram ignoradas durante a gestão do ex-governador José Ivo Sartori (PMDB). A principal delas é o comprometimento do governo com assuntos relacionados à Reforma Agrária. Entre eles está o repasse de recursos ao Programa Camponês, a perfuração de poços artesianos e a construção de redes de distribuição de água nos assentamentos, a ampliação de patrulhas agrícolas nos municípios, a implantação de programas para diversificar a produção de alimentos saudáveis, a viabilização da assistência técnica, a manutenção de escolas do campo e o assentamento das famílias acampadas.

Na ocasião, Leite reconheceu o MST como um movimento popular e a importância das reivindicações apresentadas pela comitiva. O governador delegou ao secretário estadual de Agricultura, Covatti Filho, a tarefa de manter a interlocução, avaliar e buscar solução a cada demanda apresentada. “O governo do Estado está aberto ao diálogo. Vamos sentar e buscar convergência para atender milhares de pessoas que participam dessa realidade da Reforma Agrária”, disse Leite. Ele ainda complementou que, “independente das questões políticas que envolvem o Movimento, o Estado tem que olhar para os assentamentos e propiciar políticas públicas”.

Cedenir de Oliveira, dirigente estadual do MST, avaliou a reunião como positiva, pois reforçou o posicionamento do governador de sempre estar aberto ao diálogo. “Por mais que há diferenças do ponto de vista de algumas políticas gerais do seu governo, Leite reconhece a força econômica e política do Movimento”, destacou.

A reunião, também contou com a participação do superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), André Bessow, e do deputado estadual Edegar Pretto (PT), que foi articulador do encontro do MST com o governador. Pretto lembrou a importância de retomar pautas que durante todo o governo Sartori estavam esquecidas. “Eduardo Leite abriu um diálogo, já com secretários e assessores presentes. Nosso objetivo é cobrar soluções urgentes aos problemas que os assentamentos têm, como a falta de água, estradas ruins e ameaças de fechamento de escolas. É com otimismo que ouvimos do governador que esses assuntos serão tratados sem nenhum tipo de preconceito ou de ideologias em relação ao MST”, observou.

Abril Vermelho

O MST esteve mobilizado na Capital gaúcha ao longo de toda a terça-feira. Cerca de 600 trabalhadores protestaram no pátio do Incra para denunciar a paralisia da política nacional de Reforma Agrária e reivindicar assentamento às famílias acampadas. A ação também marcou o Abril Vermelho e lembrou o 17 de abril, Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária e Dia Internacional de Lutas Camponesas. A data denuncia ainda a impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás, que assassinou 21 trabalhadores Sem Terra em 1996 no Pará.

Texto: Leandro Molina (MTE 14614)