Saída de médicos cubanos prejudica 92 cidades gaúchas

 

Cinco meses após a saída dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos, os impactos negativos se somam à já precária situação da Saúde no Rio Grande do Sul. Um total de 289 cidades perderam médicos cubanos, 92 seguem com vagas não preenchidas, sendo que 59 não têm qualquer médico do programa. Segundo estimativa do presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), Diego Espíndola, dois milhões de gaúchos (o equivalente a 17,6% da população do Estado) foram impactados com a saída dos 617 médicos estrangeiros que atuavam no RS.

Para o deputado estadual e membro titular da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, Valdeci Oliveira, o fim do Mais Médicos representa um crime. “É um atentado contra a vida das famílias mais vulneráveis do nosso país. É uma irresponsabilidade do governo federal sepultar um programa como esse sem ter nenhuma alternativa concreta para substituir os profissionais que garantiam atendimento qualificado à população. E não nos enganemos: o problema está estourando aqui no Rio Grande e em cidades-polo, como é o caso de Santa Maria, Canoas, Caxias e Porto Alegre. A já castigada saúde do Brasil, vítima da Emenda Constitucional da Morte, afunda ainda mais com o desmantelamento do Mais Médicos. Nós vamos denunciar permanentemente esses retrocessos, porque eles vão significar mais adoecimentos e mais mortes.”

Consultas, procedimentos e atendimentos domiciliares atrasam diariamente ou até mesmo deixam de ser realizados, principalmente nas zonas rurais dos municípios descobertos. Vale lembrar que os médicos cubanos chegaram ao Brasil para reforçar a atenção básica – onde é possível resolver até 80% dos problemas de saúde. Com isso, os profissionais atuavam em equipes da Estratégia Saúde da Família e na própria comunidade, com orientação, prevenção de doenças e consultas. Com a desassistência na atenção básica, aumentam os agravos à saúde da população e as demandas por atendimentos nas redes de média e alta complexidade.

Os médicos cubanos deixaram o programa Mais Médicos após declarações ameaçadoras e depreciativas do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). O governo cubano informou no dia 14 de novembro que se retiraria do programa, promessa que foi cumprida.

 

Texto: Raquel Wunsch (MTE 12867)