Villaverde saúda a memória de construtores da democracia que perdemos em 2017

Ana Elise Wissmann

0 Comment

Adão Villaverde

Ao ressaltar a memória de importantes construtores da democracia falecidos em 2017, o deputado Adão Villaverde (PT) lamentou que algumas personalidades destacadas foram completamente ignorados pelos obituários midiáticos, elaborados tradicionalmente no final de ano pela imprensa rio-grandense.

Entre as omissões imperdoáveis, como ele define, está a ausência do professor e sociólogo Marco Aurélio Garcia, falecido em 20 de julho em São Paulo, ao 76 anos. Intelectual brilhante, militante e dirigente do PT, dotado de enorme capacidade de elaboração teórica, Garcia notabilizou-se, nos últimos anos, pelo conhecimento em assuntos internacionais que o transformou em assessor especial dos presidentes Lula e Dilma. Ele inclusive foi vereador, pelo PCB, em Porto Alegre, nos anos 1960, mas desenvolveu a intensa trajetória profissional política no centro do país.

Formado em Filosofia pela Ufrgs e com pós-graduação na Escola de Altos Estudos e Ciências Sociais de Paris, Garcia era professor aposentado do Departamento de História da Unicamp. Já foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), secretário estadual de Cultura em Campinas e São Paulo, foi presidente e vice-presidente do PT, coordenador do Programa de Governo do presidente Lula nas eleições de 1994, 1998 e 2006 e coordenador do Programa de Governo da presidenta Dilma Rousseff na eleição de 2010.

FEMINISTA CONTUNDENTE

Embora nascida em Salvador, na Bahia, mas com carreira consolidada no RS, a socióloga e militante feminista Lícia Peres foi outra personalidade igualmente esquecida pelos necrológios midiáticos. Falecida em 15 de março em Porto Alegre, aos 77 anos, Lícia era uma articulista contundente na defesa dos direitos humanos e especialmente das mulheres. Cursou Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e iniciou sua militância política no movimento estudantil. Atuante na resistência à ditadura de 1964, filiou-se ao MDB. Fundou e presidiu o Movimento Feminino pela Anistia no Rio Grande do Sul. Também fundou e presidiu a Ação da Mulher Trabalhista do PDT, e foi a primeira presidenta do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Rio Grande do Sul. Adepta de Leonel Brizola, passou a atuar no PDT após a redemocratização. Participou das campanhas do partido – o marido Glênio Peres se elegeu vice-prefeito de Porto Alegre, com Alceu Collares em 1985. Lícia disputou, no mesmo posto, em 2004, com Vieira da Cunha na cabeça de chapa. Ainda participou da Comissão do Acervo de Luta contra a Ditadura no Rio Grande do Sul desde sua criação, no início de 2000. Integrava os diretórios estadual e nacional do PDT.

LEGADOS IMPRESCINDÍVEIS

“Mais importante que o reconhecimento da imprensa, cujos critérios são sempre questionáveis, é a dimensão do imprescindível legado que eles nos deixaram, como tantos outros que foram perdas irreparáveis de 2017”, diz o parlamentar, citando, ainda, Carlos Araújo, Sereno Chaise, João Gilberto Noll, Honório Peres, Eraci Rocha.

Texto: André Pereira (MTE 4704)