Em reunião na presidência da Assembleia Legislativa reitores e pró-reitores de sete Universidades e três Institutos Federais do Rio Grande do Sul convocaram autoridades, comunidade acadêmica e a sociedade em geral para uma agenda de mobilização contra os cortes de 30% das verbas destinadas para instituições de ensino superior, conforme anunciado pelo governo Bolsonaro.
Conforme o deputado Edegar Pretto (PT), que intermediou a reunião de reitores com a presidência da Assembleia, a motivação do encontro é buscar soluções políticas diante do grave problema que as Universidades e Institutos enfrentam. No RS o corte passa de R$ 190 milhões, deixando as instituições numa situação emergencial e totalmente restritiva. “Vamos fazer a nossa parte. A Assembleia não pode cruzar os braços e aceitar passivamente um corte que inviabiliza a Educação, com grande risco das instituições públicas fecharem as portas”, alertou.
A proposta de Pretto é para que a Assembleia Legislativa reedite a mobilização estadual dos poderes e comunidade acadêmica, feita por ele em 2017 na presidência da Casa a partir do pedido de reitores. O presidente Luís Augusto Lara (PTB) prontamente colocou o Parlamento gaúcho à disposição. “A Assembleia Legislativa é uma trincheira dessa luta”, resumiu.
Foi definido que na próxima terça-feira (14) a Mesa Diretora da Casa deverá aprovar uma missão de deputados para irem com reitores até Brasília, no dia 22 de maio, para reuniões com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS); com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ); e com o presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP). A bancada gaúcha será convidada para fazer parte desta mobilização.
Os reitores também pediram intermediação da Assembleia para se reunir com o governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), e cobrar apoio do governo à causa. A agenda foi solicitada, mas como o governador estava em viagem não recebeu os reitores.
Durante a conversa os dirigentes das instituições de ensino superior relataram a grave situação enfrentada. O reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rui Oppermann, disse que a ajuda do Legislativo colabora com a busca de compreensão e apoio popular. “Aqui temos a repercussão que precisamos, e todos no RS têm que entender que o ensino público é importante e faz a diferença”, frisou.
O reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Paulo Burmann, defendeu o ensino público e disse que as universidades estão além das ideologias. Lembrou que em 2017, quando também houve corte de 30% feito pelo governo Temer, houve uma grande mobilização no estado e no país. “Agora isso tem que se repetir. É uma questão que ataca o ensino, e quem vai sofrer é a sociedade e a perspectiva de um projeto de desenvolvimento. Todas as forças políticas e comunidade acadêmica devem dar os braços”, apelou.
Os principais relatos foram de um cenário crítico para os próximos meses. Segundo a reitora Carla Jardim, do Instituto Federal Farroupilha (IFFar), nenhuma universidade ou Instituto vai resistir a esse corte. “O impacto é muito grande. Vamos promover ações para mostrar o que isso representa”, informou. Alguns reitores também demonstraram preocupação no que diz respeito ao prejuízo para as economias dos municípios, e que diante de cortes de verbas em anos anteriores estão trabalhando no limite, como declarou o reitor Marco Antonio Fontoura Hansen, da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA).
Também participaram da reunião os reitores Jaime Giolo, da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS); reitora Cleuza Maria Sobral Dias, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG); vice-reitor Luiz Centeno do Amaral, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel); reitora Lúcia Campos Pellanda, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); vice-reitora Adriane Menezes e Pró-reitora de Extensão Gisela Duarte, do Instituto Federal do Sul (IFSul); e o reitor Júlio Xandro Heck, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS).
Além do presidente Lara e do deputado Edegar Pretto, os reitores foram recebidos pelos deputados petistas, Valdeci Oliveira, Sofia Cavedon, Fernando Marroni, Luiz Henrique Viana (PSDB), Gerson Burmann (PDT), e a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL).
foto e texto: Leandro Molina