A Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da Assembleia Legislativa fará um levantamento sobre a tributação de produtos em conservas. Essa medida foi decidida na reunião ordinária do colegiado que tratou, nesta quinta-feira (15/04), das dificuldades enfrentadas pelas agroindústrias gaúchas de conservas, em decorrência dos preços dos produtos catarinenses vendidos no Rio Grande do Sul. De acordo com os produtores, as conservas gaúchas têm ficado de fora dos principais mercados atacadistas devido à diferença de tributação praticada pelos dois estados.
O presidente da Comissão, deputado Zé Nunes afirmou que a comissão deixa um espaço aberto para a discussão sobre o que os gaúchos querem com o meio rural, pois o RS está perdendo muita diversidade de produção. “Embora SC seja mais montanhosa e com menor área geográfica, com pequenos produtores, a política toda deles é voltada para a agricultura familiar. Nós (RS) estamos perdendo área da agricultura familiar, concentrando terra, com muitas famílias saindo do campo e tudo está se transformando em uma grande lavoura de soja. E não será esse modelo que vai gerar o desenvolvimento que a gente almeja”, sentenciou. Para o deputado, o RS só vai ter uma agricultura desenvolvida se priorizar os produtores e para isso é preciso desenvolver políticas públicas que viabilizem a diversidade da produção.
De acordo com Paulo Petry, diretor da Indústria de Alimentos Petry, os preços praticados pelas indústrias catarinenses são muito abaixo do preço de custo do setor produtivo gaúcho. “O pessoal pergunta por que o produto de SC é bem mais barato que o nosso se nós compramos o vidro onde eles compram e compramos o pepino onde eles compram. O único problema é a diferença de impostos”.
Luiz Carlos Feirante, das Conservas Coblens, que fornece aos maiores supermercados gaúchos, afirmou que não há mais como competir com as indústrias catarinenses. Segundo o empresário, mais de 200 famílias forneciam a matéria-prima para a Coblens. No entanto, agora, menos de 50 continuam produzindo. “Poderíamos estar vendendo o dobro, colocar mais famílias a produzir, manter o homem no campo. Então temos que ver um jeito de resolver”, disse, acrescentando que não está conseguindo manter a sua empresa.
Conforme o consultor de agroindústrias, Lauri Webber, outro problema enfrentado pela agricultura familiar gaúcha, é a perda de espaço para os produtores de outros estados. “Os mercadinhos de bairro se abastecem em grandes atacarejos que vendem um pepino a R$ 4,99, enquanto o custo para os gaúchos produzirem é de R$ 5,15 o mesmo vidro de pepino”, exemplificou, acrescentando que as famílias agricultoras estão abandonando a produção porque não há incentivo por parte do governo do estado à produção.
Texto: Claiton Stumpf – MTb 9747
Texto: Vanessa Vargas