Má execução das obras de reforma, falhas nos projetos e atraso no cronograma são os principais problemas enfrentados pelo Instituto Estadual de Educação Aimone Soares Carricondi e a Escola Estadual 20 de Setembro, em Arroio Grande, na região Sul. Em audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais, nesta terça-feira (29/04), na Assembleia Legislativa, diretoras das instituições pediram ajuda aos parlamentares e cobraram providências do governo Eduardo Leite.
De acordo com o deputado Halley Lino, proponente da reunião, as queixas sobre a condução da reforma pela empresa contratada pelo governo gaúcho — por meio da Secretaria de Obras Públicas e da Secretaria da Educação — são recorrentes. Ele lembra que a secretária da Educação, Raquel Teixeira, em audiência na Assembleia, já havia se comprometido a priorizar o atendimento às escolas, o que não aconteceu. “A gente precisa que alguém possa dar uma solução”, destaca.
Halley explica que a comunidade escolar enfrenta um verdadeiro caos gerado pela empresa Cetus Construtora, que foi contratada pelo Estado para as melhorias. Em audiência pública na Câmara de Vereadores de Arroio Grande, no início do ano, os representantes da empresa garantiram que retomariam as obras. “Estabeleceram um verdadeiro caos, podemos dizer assim, de obras que não se executaram da forma como deveriam se executar”, reforça, ameaçando levar o caso ao Ministério Público estadual.
A diretora Luciana Augusto Nunes, do Instituto Aimone, observa que a escola, que conta com 700 alunos do Ensino Médio, Fundamental e técnico, foi interditada em 2023. Luciana explica que o prédio da instituição enfrenta problemas elétricos e estruturais. “É uma escola da década de 1930, e chegou no momento que tivemos um colapso elétrico como muitas escolas. Na verdade, eu estou representando muitas escolas do Rio Grande do Sul. Eu não me sinto só representando o Instituto Aimone”, compara.
Devido à interdição, a escola recorreu às secretarias de Obras e de Educação, que repassaram um total de R$ 735 mil. “Iniciamos a obra, foi colocada a placa em junho de 2024, com prazo de três meses para ser concluído. É claro que nós não levamos em conta esses três meses”, destaca. Conforme Luciana, os funcionários contratados pela empresa reclamam de falta de pagamento e ausência de gestor para as obras. “De lá para cá, o que era uma esperança, o que era a tábua de salvação, se tornou um horror”, completa.
Ela afirma que faltam informações sobre o projeto de reforma. “Contemplou a destruição dos melhores banheiros que eu tinha dentro da escola e deixou de fora o pior sanitário que eu tinha dentro da escola. Então vocês vejam, a pessoa que projeta, quem organiza, quem organizou esse projeto, nunca nenhum representante direto da empresa foi na nossa escola, nunca um representante da Secretaria de Obras foi”, afirma.
A diretora Claudete Ferreira, da Escola Estadual 20 de Setembro, reforça as críticas ao trabalho da empresa, que também ficou responsável pelas obras na instituição. “São praticamente as mesmas (reclamações) da nossa escola, prazo de início de obra atrasado, atividades que não precisavam ser feitas, como banheiro que não estava no projeto inicial, que foi desmanchado, foi destruído. E banheiros que estavam funcionando, em perfeitas condições, e foram destruídos”, diz.
Claudete afirma que as obras iniciaram em agosto do ano passado, mas em seguida foram interrompidas. O objetivo era a troca do telhado e reforma da parte elétrica. “A gente não tem gerencia nenhuma de nada. Nem nós, nem a nossa coordenadoria, que é a 5ª Coordenadoria Regional de Pelotas. No início da semana, no final da semana passada, dessa semana, ainda pedi isso para empresa e não foi me passado”, afirma. “Estamos funcionando de forma precária”, acrescenta.
Texto: Felipe Samuel
Foto: Nathan Oliveira e Sayd Ferreira