O deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) cobrou empatia do governo Eduardo Leite no que tange à destinação de recursos para serviços públicos na Lei Orçamentária 2025. A manifestação ocorreu na manhã desta quinta-feira (31/10), durante apresentação e debate do PL 287/2024, que trata da Lei Orçamentária Anual de 2025, na Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle. “As discussões sobre Orçamento dificilmente chegam às pessoas que serão diretamente afetadas por ele. Então, quem tem o poder nesse sentido precisa ser no mínimo movido pela empatia, mesmo que não sejamos atingidos pelos serviços públicos”, defendeu.
O deputado usou o exemplo de uma professora do interior do estado que teria lhe confidenciado uma situação difícil do dia a dia da escola pública onde trabalha. Para suportar o calor, ela teria fabricado leques de papel para distribuir aos alunos se abanarem durante as altas temperaturas iminentes. Além disso, contou que não conta com o apoio de monitores para atender a 30% de alunos autistas que tem em sala de aula. “Essa professora não tem um mísero ventilador para criar um mínimo de condições para que as crianças possam aprender. E ainda falta pessoal”, alertou, ressaltando que mais do que ampliar o quadro funcional nas escolas, é preciso valorizar os servidores da educação.
Jeferson se referiu ao fato de a proposta orçamentária apontar um corte de R$ 3 bilhões para a área da educação. “É lamentável que o Ministério Público Estadual não cobre do governo Leite a destinação do percentual de 20% das receitas em educação, o que representa cerca de R$ 31 bilhões a menos em um ano”, frisou.
O parlamentar lembrou pesquisa constante no Relatório da Subcomissão do Sistema Prisional que aponta que 86% dos que cumprem pena no estado não chegaram ao ensino médio e cometeram crimes ligados à traficância de drogas. “A escola e suas condições têm ou não têm a ver com essa triste realidade? A gente não investe em educação e acaba gastando em presídio; e gasta mal”, lamentou.
O petista cobrou que a educação seja prioridade não apenas em discurso, mas em dotação orçamentária, sem cortes e com mais investimentos na área. “Como falar em reconstrução do RS sem apostar em crianças e jovens? Sem isso, é conversa para boi dormir”, decretou Jeferson, que reiterou: “se nós não tivermos empatia para nos colocarmos no lugar de quem vai sofrer as consequências do que estamos votando, não estamos legitimados para estarmos aqui”.