sexta-feira, 22 novembro

A construção de uma nova extensão da Linha do Trensurb motivou a deputada Stela Farias a lançar, na segunda-feira (21/08), uma Frente Parlamentar para tratar do tema e mobilizar uma solução mais barata, menos poluente e economicamente viável. “Exatamente quando temos uma conjunção de fatores como a retirada da Trensurb do Programa Nacional de Desestatização (PND), além da sustentabilidade econômica, ambiental e financeira capazes de retirar do papel este sonho”, afirmou a parlamentar em seu discurso de instalação da Frente.

As condições do transporte coletivo ineficiente, caro e inseguro, traz custos econômicos e tem enorme impacto ambiental em toda a Região Metropolitana, que possui hoje mais de 4 milhões de habitantes, destacou Stela. “Um sistema metro-ferroviário ocupa 20 vezes menos espaço físico do que outras opções de mobilidade, pois sabemos o desenvolvimento de qualquer cidade ou região passa pelo investimento em mobilidade urbana.”

O novo ramal de trens com estações em Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí e Viamão, segundo Stela, atenderia mais de 160 mil usuários diariamente, além dos 110 mil que são atendidos hoje pela estatal federal. A velocidade média das viagens é de três a quatro vezes maior do que a dos automóveis nos centros urbanos. Há redução nos acidentes de trânsito, no consumo de combustíveis, nos congestionamentos, na poluição atmosférica e sonora, destacou a parlamentar.

“Nossa expectativa é de que este projeto seja incluído no novo PAC, que por uma competente articulação do Presidente Lula ficou de fora do novo arcabouço fiscal, liberando que estes recursos possam ser captados, inclusive internacionalmente, dentro da agenda verde, compostas por investimentos ambientalmente sustentáveis em todo planeta. E este é mais um fator que se conjuga para a realização da expansão da Trensurb”.

O deputado Miguel Rossetto comemorou o que considerou um acerto da deputada Stela em propor a criação da Frente. “Esta estrutura de ônibus montada e sustentada pela tarifa de ônibus, ela colapsou completamente. É preciso pensar outro modelo de transporte coletivo nessa região, a partir de uma ideia fundamental que é o direito à mobilidade. As passagens são caras, os horários reduzidos, as linhas eliminadas, há desconforto e a uma desintegração da Região Metropolitana”. Rossetto afirmou ainda que a Região Metropolitana é hoje como uma grande cidade que se deslocam permanentemente e é preciso pensar uma integração adequada como é o modelo dos trens urbanos.

Como moradora da Zona Norte de Porto Alegre, a deputada Laura Sito destacou a carência de um transporte coletivo adequado e efetivo. Laura lembrou que o custo das tarifas vem aumentando há décadas, se tornando um custo muito elevado para os trabalhadores. “Nós estamos falando de um tema estratégico e eu tenho certeza que esta Casa junto ao Governo Lula, tem o compromisso de fortalecer o desenvolvimento. Pode não ser em breve, mas nós precisamos começar a construir o projeto estruturante, precisamos começar agora, precisamos afirmar que ele é central numa perspectiva de retomada do papel econômico de toda a nossa região”.

Para a deputada Sofia Cavedon, o Plano Plurianual Participativo, proposto pelo Governo Lula, foi um convite para governar e a população precisa estar envolvido no debate do transporte coletivo metropolitano. “Em Porto Alegre, são R$ 120 milhões por ano, para empresas privadas, para manter artificialmente, uma passagem. Eu acho que tem seu mérito, mas cadê a qualidade, cadê os horários, o passe livre para estudantes? Este é um momento para dar um salto de qualidade no direito ao transporte.”

O transporte metropolitana é a espinha dorsal por onde as cidades da Região Metropolitana se organizam, afirmou a deputada federal Maria do Rosário (PT/RS). Para a parlamentar, o investimento em infraestrutura foi diluído nos últimos anos no Brasil, por conta da lógica do estado mínimo. “Sem estado não há como ter desenvolvimento com potência, num país do tamanho do Brasil”.

Rosário solicitou ainda à deputada Stela Farias, a inclusão de parlamentares federais na Frente, tornando-a pluriparlamentar e sugeriu aos deputados federais Alexandre Lindenmeyer (PT/RS) e Luiz Carlos Busato (União Brasil/RS), que incluíssem uma emenda na LDO para o projeto e uma emenda orçamentária para assegurar o recurso.

O deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT/RS) destacou o momento histórico vivido pelo país e a oportunidade de viabilizar um solução viável para o transporte coletivo metropolitano. Lindenmeyer lembrou que a manutenção da Trensurb como empresa pública é fundamental para a iniciativa. “É um conjunto de obras estruturantes que estão sendo viabilizadas, a partir de um novo momento da história, de uma visão de governo, que o Brasil pode mais, precisa investir em infraestrutura, ganha eficiência, ganhar competitividade”.

O deputado Dionilso Marcon lembrou do volume de recursos do PAC para o Rio Grande do Sul e afirmou que o presidente Lula deixou um problema para os gaúchos, que é decidir onde este volume será investido. “Nós vamos chamar o coordenador do PAC para o RS, são R$ 76 bilhões de investimentos e nós queremos quando vai para o trem”.

O presidente da Trensurb, o ex-deputado Fernando Marroni, contou que assim que assumiu a estatal conheceu a primeira versão da ampliação das linhas e que com as primeiras atualizações dele, um percurso até Alvorada custaria em torno de R$ 6 bilhões. “Mesmo que nos últimos seis anos, a Trensurb tenha fica sem investimentos básicos, até para manutenções de segurança, a população avalia como excelente os serviços”. Marroni destacou ainda as vantagens para a população como o baixo custo devido ao subsídio da tarifa. “O sistema de transporte coletivo metropolitano não é sustentável apenas com a tarifa cobrada, por isso, é importante o subsídio. Isso já não é mais uma questão, todo o transporte hoje é subsidiado. Nosso partido concorda e defende a tarifa zero”.

O lançamento da Frente contou com a presença do ex-governador Olívio Dutra e lotou o Plenarinho da Assembleia com lideranças dos trabalhadores do transporte coletivo metropolitana, metroviários, sindicalistas, além de vereadores, ex-prefeitos e empresários do setor.

 

Texto: Adriano Marcello Santos

Foto: Joaquim Moura

Compartilhe