sexta-feira, 22 novembro

 

Em meio ao recesso parlamentar, a deputada estadual Laura Sito (PT) participou nesta semana de uma reunião pública em Santana do Livramento, na sede do Instituto Federal Sul-rio-grandense. O convite para o evento foi feito por meio da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, da qual Laura Sito preside.

O encontro foi motivado após denúncias de alunas e alunos, brasileiros e uruguaios, do terceiro ano do Bacharelado Agrário do Centro Educacional Tecnológico de Rivera (UTU), sobre dois professores que fizeram comentários racistas, classistas, sexistas e xenofóbicos em sala de aula. Segundo o grupo de estudantes, um dos professores teria dito que “na minha família não contratamos negros porque não são trabalhadores, muito menos negros brasileiros de origem africana, são ainda mais preguiçosos. O brasileiro com cruza de gringo, aquele é trabalhador. O peão deve ser explorado da mesma forma que o pobre, e se não gostar, deve ser deixado para morrer de fome”.

Tanto o Instituto Federal Sul-rio-grandense quanto a Escola Técnica Superior de Rivera (UTU), fazem parte de um acordo educacional entre Brasil e Uruguai para que, em determinados cursos, seja garantido 50% de estudantes das duas nacionalidades. A partir da criação dos Institutos Federais, em dezembro de 2008, houve a possibilidade de oferecer aos jovens brasileiros e aos de países fronteiriços uma formação profissional com diplomação binacional. A parceria entre o IFSul e o CETP-UTU é referência para diversos centros educacionais.

Para a deputada estadual, “o país é nosso irmão e todos querem manter os tratados, principalmente na área da educação, mas é um absurdo pensarmos que estamos levando nossos estudantes para serem discriminados lá”, contestou Laura Sito. Além da parlamentar, vereadores e coletivos de Santana do Livramento, estudantes e docentes participaram da reunião pública que aconteceu na última terça-feira, 18 de julho.

Após ouvir os relatos e receber uma carta dos alunos e alunas, como presidenta da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, Laura Sito deverá oficiar as instituições responsáveis, incluindo o consulado no Uruguai para tratar efetivamente do tema e buscar respostas sobre o comportamento dos professores uruguaios em relação aos brasileiros. Outra alternativa citada pela parlamentar é usar como base o Projeto de Lei já protocolado na ALRS, que cria o protocolo antirracista para que instituições e locais de grande porte criem procedimentos para lidar com casos semelhantes ao que aconteceu na UTU.

 

Texto: Manu Mantovani (Reg. MTb. 12.704)

Foto: Thanise Melo

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