Comissão vai oficiar sindicato médico por fala racista

A declaração do Diretor de Interior do Sindicato Médico do RS (Simers), o médico Luiz Alberto Grossi, sobre a abertura de vagas para assentados da reforma agrária no curso de Medicina da Universidade Federal de Pelotas foi uma das pautas da reunião ordinária da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, na quarta-feira (05).

Em entrevista a um jornal, Grossi declarou que “essas pessoas que vêm do campo não vêm muito qualificadas para fazer medicina. Então, certamente, nós vamos desqualificar a profissão concordando com isso. Isso vai gerar precedentes. Não demora, os índios também vão querer fazer medicina.” As vagas são ofertadas pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que atua na promoção da educação para os trabalhadores e trabalhadoras do campo. A Ufpel já formou 139 veterinários pelo Pronera e tem mais duas turmas em andamento, uma delas com formatura agendada para 2023.

O que motivou o ataque do sindicato médico foi a possibilidade da abertura de vagas pelo Programa no curso de Medicina. Conforme a presidenta da Comissão, a deputada Laura Sito (PT), a universidade poder oferecer as vagas é importante para oportunizar formação de qualidade para os estudantes do campo. “Sabemos que políticas afirmativas também têm uma perspectiva de poder enriquecer a produção de conhecimento, trazer a diversidade e o olhar do campo para a universidade” o que, segundo ela, é fundamental. A parlamentar destacou a gravidade da postura do representante do Simers. “Essa fala, ela não só é infeliz como é criminosa”. Por isso, o colegiado pretende oficiar a entidade a respeito da conduta do seu representante.

Na reunião, a Comissão também tratou sobre uma denúncia a respeito da atuação da CEEE/Equatorial, com cortes e suspensões recorrentes no fornecimento de energia elétrica, serviço público essencial e direito humano fundamental. O colegiado também aprovou que, em alusão ao julho das pretas, será solicitado que afroempreendedoras possam expor na feira da ALRS do dia 12 de julho. Além disso, também foi aprovado o Lançamento da Frente Parlamentar da Humanização do Parto e Nascimento, no dia 12 de julho, após a reunião ordinária da CCDH, na Sala Adão Pretto.

 

Texto: Manu Mantovani (Reg. MTb. 12.704)

Foto: Joaquim Moura