domingo, 24 novembro

Encontro online debateu a questão do carvão na economia e no meio ambiente do estado

Na manhã desta segunda-feira (19) o deputado Fernando Marroni (PT) participou de reunião com representantes do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), do Arayara e do Instituto Clima e Sociedade (iCS) para tratar sobre a transição justa do carvão para as energias sustentáveis.

O principal ponto discutido na reunião foi em relação aos trabalhadores das usinas de carvão no estado do Rio Grande do Sul. A diretora adjunta do DIEESE, Patrícia Pelatieri, defende que é necessário entender como transitar nessa questão de forma coletiva, realizando encontros com os setores envolvidos, para que se possa ter alternativas que desenvolvam a região e melhorem a qualidade de vida dos trabalhadores.

O DIEESE entende que o trabalhador e o emprego devem ser o centro desse debate, e portanto a transição precisa da participação de toda a sociedade e de um plano de financiamento. O economista da instituição, Nelson Karam, afirmou que o DIEESE está realizando, em parceria com o iCS, um mapeamento do mercado de trabalho no Rio Grande do Sul e Santa Catarina para entender o perfil e a qualidade de vida dos trabalhadores, e a quantidade de empregos gerados direta e indiretamente pelas usinas de carvão.

O Coordenador Sênior do Portfólio de Energia do Instituto Clima e Sociedade no Brasil, Roberto Kishinami, afirmou que o uso do carvão para geração de energia atualmente não é um caso de falta de alternativas ou tecnologias, e sim uma questão social, já que tem muitas pessoas envolvidas na mineração e um lobby muito forte para a criação de novas usinas, e considera isso um problema, pois são “ativos encalhados”, ou seja, não vão funcionar durante todo o tempo necessário para pagar o investimento da instalação. Kishinami também apontou que além dos poluentes emitidos pela mineração, as usinas são grandes consumidoras de água, e que a região de Candiota é conhecida pelas recorrentes secas.

Diversos países desenvolvidos como EUA, Japão e Canadá, além da União Europeia, já estão acelerando a descarbonização para diminuir os prejuízos do aquecimento global, e com isso podem ocorrer boicotes aos países que não fazem parte dos acordos climáticos, como afirmou Luciano Henning, consultor do Instituto Internacional Arayara, ao apontar que o Rio Grande do Sul é um estado exportador.

Marcos Espíndola, analista ambiental do Instituto Arayara, realizou convite para o 1° Congresso Internacional de Obsolescência do Carvão Mineral, Energias Sustentáveis e Transição Justa, organizado pelo Instituto, em que serão tratados vários temas sobre o uso do carvão mineral e sua obsolescência, com ênfase no processo de descomissionamento dessa atividade, contemplando as energias renováveis e diferentes aspectos de uma transição energética socialmente justa.

A aproximação das organizações da sociedade civil com o poder legislativo foi apontada como essencial para a ampliação da discussão e criação de medidas para que o projeto seja colocado em pauta na sociedade, com soluções eficientes para a geração de empregos de qualidade. O deputado Fernando Marroni (PT) afirmou que o primeiro passo foi dado com o PL 337/2019, que proíbe a concessão de novas licenças ambientais para atividade de mineração e exploração de carvão mineral no âmbito do território do RS, que atualmente tramita na ALERGS, e se colocou à disposição para ajudar como deputado. “Nosso gabinete está aberto, vamos juntar os esforços e ver qual é o melhor caminho para enfrentar esse tema”, disse Marroni.

Texto: Maria Lucia Walerko Moreira (MTE 18896)

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