quinta-feira, 28 novembro
Fotos Claiton Stumpf

A Bancada do PT na ALRS recebeu dois convidados, nesta sexta-feira (22), em reunião virtual para debater o uso das Fake News em tempos de coronavírus. A professora Maria Clara Aquino, pós-Doutora em Ciências da Comunicação pela Unisinos e Doutora e mestre em Comunicação e Informação pela UFRGS, integrante dos Grupos de Pesquisa Estudos em Jornalismo (GPJor) e Laboratório de Investigação do Ciberacontecimento (LIC) da Unisinos, e o professor João Guilherme Santos, doutor em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGCom/ UERJ) e coordenador do Laboratório de Dados para Comunicações Digitais do Instituto Nacional de Ciência e Tecnoloia em Democracia Digital (INCT.DD). Participaram do encontro, a deputada Sofia Cavedon e os deputados Fernando Marroni, Pepe Vargas, Valdeci Oliveira e Zé Nunes, além de jornalistas e pesquisadores.

“O que tenho percebido nestes espaços de comunicação é que ao mesmo tempo que temos uma série de benefícios, desta popularização de acesso aos dispositivos, é que por mais benefícios que a gente tem nós temos malefício também” afirmou Maria Clara ao abrir o debate. Para ela as ferramentas que mais disseminam Fake News, ou seja, a desinformação, são o whats app e o Facebook. “Em muitas das fake news analisadas é citada como fonte a própria Fio Cruz, com informação inverídica. À medida que os órgãos científicos são citados neste contexto a complexidade se amplia cada vez mais”.

Para Maria Clara tudo passa pela forma como as pessoas recebem uma informação e como interpretam, pois “quando uma informação se espalha na rede as pessoas fazem diferentes leituras de acordo com suas crenças, suas ideologias, seus posicionamentos, conhecimento. E tudo chega a um cenário de crise que já vem polarizado há alguns anos. Aí temos uma disputa de narrativas e desfoque do problema principal que é o vírus”. Segundo a pesquisadora, essas informações se unem ao fato de que as pessoas querem que a vida volte ao normal.

Para João Guilherme, quando se analisa a circulação de informações falsas elas atingem diversos nichos de diferentes formas. “A gente traz a ideia de verbalização em três etapas. A primeira é a produção e envio massivo. A segunda é a verbalização de fato, quando entra em grupos muito propensos a espalhar aquilo que estão conectadas em outros grupos e muita gente compartilha a informação falsa sabendo que é falsa. E, por fim, a gente caminha para a periferia da rede, que são grupos de escola, da família que são os que realmente disseminam para outras pessoas”.
O professor afirma que nas pesquisas realizadas o grande foco de disseminação de fake news surge no You Tube. “A fonte de informação falsa é muito antiga, começam há 10 anos. O que identificamos foram diversos canais com mais de 1 milhão de inscritos e as pessoas estão ouvindo isso pelo menos desde 2002. Então precisamos olhar não só a forma de distribuição, mas de produção deste conteúdo”. Para João é importante o trabalho realizado por Sleepin Giants, que chegou ao Brasil no último período, pois espalhar desinformação se tornou lucrativo e este serviço desmonetiza estes sites propagadores de fake news.

Tanto Maria Clara quanto João Guilherme reforçaram o papel do jornalismo no combate às fake news. A professora da Unisinos afirmou que, num contexto como o da pandemia, é preciso um jornalismo posicionado. Citou como exemplo, as polêmicas em torno do distanciamento social. Destacou que a imprensa precisa se fazer presente nas redes. “Não pode apenas esperar que as pessoas vão acessar o site do veículo”, apontou. Já o pesquisador do INCT.DD chamou a atenção para um jornalismo cada vez mais segmentado, visto que o universo das fake news trabalha desta forma, visando nichos e públicos específicos. Confira aqui, o relatório Ciência Contaminada, produzido pelo INCT.DD sobre as fake news sobre o coronavírus.

Para acessar a pesquisa de João Guilherme clique em Pesquisa Ciência Contaminada

Texto: Raquel Wunsch (MTE 12867)

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