sábado, 23 novembro

Nem liberdade de cátedra, nem integridade física garantiu mais aos professores e professoras, aonde chegaremos com isso?

Se sabemos todos, que a instituição escola foi criada pela humanidade para que cada ser humano possa participar dela – que de tão complexa precisou-se sistematizar para que todos assim nascidos, humano se tornassem – devemos refletir sobre as violências que a atingem.

Exato a educação veio substituir a violência como regra das relações. Ao aprender a ler, escrever, apreciar a literatura, conhecer a história, decifrar os fenômenos naturais, a criatura humana evolui das relações mediadas pela força, do pensamento mágico, do mito e constitui-se autor da própria vida e na relação com os outros, da vida coletiva.

A aposta na educação é para que as novas gerações não voltem sempre ao início, mas apoiados nos ombros de seus antecessores, desde até onde eles foram, avancem nas soluções para os dilemas da humanidade, em síntese, como proteger e promover a vida.

Se é certo que não há formulação ou experiência que seja tomada por todos como consenso, de outro lado, a imposição de um modelo, do pensamento único e da ordem unida, de uns sobre outros, a humanidade já conheceu e já repudiou.

Se é certo que a luta de classes tenciona valores e disputa o poder político, também é certo que os sistemas democráticos foram a melhor construção humana para mediar essa relação e impedir a imposição de uma sobre a outra.

Saímos do processo político eleitoral brasileiro seriamente ameaçados por rupturas com a nossa regra democrática. E pós-eleição, como que autorizados pela consagração nas urnas do candidato que nesse sentido se manifestou muitas vezes, movimentos de inconformidade com manifestações divergentes pelas juventudes nas escolas, de estímulo ao controle de manifestações das professoras e professores em sala de aula, demonstram perigoso retrocesso a tempos de censura e repressão!

E talvez não seja mera coincidência que já dois eventos de violência física contra professoras em Porto Alegre sucederam a eleição, uma vez que se estimula, inclusive com leis, a ruptura da confiança entre estudantes e professores.

Será que é esse o caminho que queremos trilhar para buscar a solução dos grandes problemas brasileiros?
Advogo por outro caminho, pela aposta na educação, por sua ampliação e qualificação, por seus trabalhadores e trabalhadoras respeitados, por estudantes experimentando e aprendendo democracia.

E seremos muitos e muitas nas ruas, nos parlamentos, nas escolas com livros na mão, amor no coração e democracia na convicção!

*Vereadora de Porto Alegre e Deputada Estadual eleita.
Foto Leonardo Contursi/CMPA

  • Artigo publicado no Jornal Correio do Povo, em 08/11/2018
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