Inacreditável a crueldade com as mulheres de Pelotas. Nossa cidade será manchete em todo o mundo pelos absurdos cometidos na Saúde de responsabilidade municipal. Exames de pré-câncer de colo do útero – o Papanicolau – foram realizados, porém os diagnósticos foram feitos por amostragem. A cada 500 exames, apenas 5 eram analisados. Os outros 495 não-examinados recebiam resultado ‘normal’. Uma enfermeira, em conjunto com sua equipe, observou que diversas mulheres apresentavam lesões características, enquanto seus exames apontavam o resultado ‘normal’. A enfermeira salientou que, curiosamente, enquanto no Brasil os índices deste tipo de câncer aumentam, em Pelotas as taxas estavam chegando a quase zero.
Quantas mulheres poderiam ter sido curadas? A irresponsabilidade da Secretaria de Saúde de Pelotas em ter recebido uma denúncia informal há três semanas e não ter apurado de imediato é gravíssima. O SUS tem o melhor acompanhamento completo para a doença. Após iniciar o tratamento, os pacientes não correm risco de fila de espera. Mesmo assim, a Gestão Municipal privou mulheres de buscarem tratamento, de buscarem a cura.
Tão assustador quanto os demais elementos da denúncia é o relato da enfermeira, a qual aponta que esta prática ocorre há seis anos. Quantas mulheres morreram nesse período? Quantos filhos perderam suas mães? O câncer de colo do útero é o terceiro que mais mata mulheres no Brasil. A frente dele estão o de mama e o de colorretal. Como estarão sendo analisados os exames destes casos?
A gestão municipal mostra problemas sérios. Dias atrás, a mesma Secretaria teve de responder por irregularidades no controle de combustíveis das ambulâncias de Pelotas. Agora, neste caso, essa denúncia ultrapassa a linha da má administração e entra na esfera do Direito Criminal.
Deputada estadual Miriam Marroni (PT)